Sabe onde fica ruim primeiro, cumpadi?
Na periferia
Onde não acaba a esperança
Apesar da distância planejada
Brasil, periferia do mundo,
Tuas cidades, tuas favelas
As mazelas das novas senzalas
A perda de fé numa vida integrada
O que, Brasil, nação que mal se conhece,
queres para o futuro de teus pares
Quando o valor de um homem
Se mede pelas cabeças de um rebanho
louco?
Uma juventude sem pistas da história
Capota no discurso fácil do fascismo
E humores explodem
E amores são silenciados
É para destruir tudo, teorias apocalípticas,
Heróis amorais, mentiras deslavadas,
desrespeito explícito naturalizado.
A "força" dos vencedores vem de jogar assim
É o irreality show
pautando a visão do ser humano
e você tapando o sol com peneira
achando que é hora de flores
As dores de quem apanha e morre
ficam na periferia
essa coisa que os feitores aturam
pois sem ela pára o moedor de carne
Fugere Urbem
Inutilia Truncat
Arcádia impossível
A paisagem mental seqüestrada
pela tela do vídeo
Homo homini lupus
Homo muar brazilianus
Analfabetos sobre uma mina de diamantes
Discutem como ganhar melhores espelhos
Muito pajé pra pouco índio
E cada vez menos índio
O Brazil mais uma vez se reinventa
E adota o caboclo Mammon de guia
Brasil, periferia do mundo,
Onde a grande cidade mastiga
Onde o amor sente fadiga
Onde fica ruim primeiro.
Vá comprar a melhor roupa
Sua mulher representa dinheiro
Sua justiça quer ser milionária
Há capitães do mato na fila de emprego
Sabe onde fica ruim primeiro, né, cumpadi?