21 julho 2007

Mais um ensaio de idéias para um livro não-ficção de sucesso



Nunca confie em frases que começam com nunca
Toda regra tem sempre uma exceção

Por que nunca é sempre?
Porque sempre é quase sempre.

Não faça com os outros
Aquilo que você não quer fazer sem eles.

Faça bem o que é simples
O fácil é o certo e o certo é o certo

Ao ajudar alguém na beira do abismo
Amarre a si mesmo em alguma árvore

Confie em Allah
Mas amarre seu camelo

Nunca confie em alguém que não confia em ninguém
Toda regra tem uma exceção

15 julho 2007

Poetisas que me definem



A fábrica do poema
Adriana Calcanhoto

SONHO O POEMA DE ARQUITETURA IDEAL
CUJA PRÓPRIA NATA DE CIMENTO
ENCAIXA PALAVRA POR PALAVRA, TORNEI-ME PERITO EM EXTRAIR
FAÍSCAS DAS BRITAS E LEITE DAS PEDRAS.
ACORDO;
E O POEMA TODO SE ESFARRAPA, FIAPO POR FIAPO.
ACORDO;
O PRÉDIO, PEDRA E CAL, ESVOAÇA
COMO UM LEVE PAPEL SOLTO À MERCÊ DO VENTO E EVOLA-SE,
CINZA DE UM CORPO ESVAÍDO DE QUALQUER SENTIDO
ACORDO, E O POEMA-MIRAGEM SE DESFAZ
DESCONSTRUÍDO COMO SE NUNCA HOUVERA SIDO.
ACORDO! OS OLHOS CHUMBADOS PELO MINGAU DAS ALMAS
E OS OUVIDOS MOUCOS,
ASSIM É QUE SAIO DOS SUCESSIVOS SONOS:
VÃO-SE OS ANÉIS DE FUMO DE ÓPIO
E FICAM-ME OS DEDOS ESTARRECIDOS.
METONÍMIAS, ALITERAÇÕES, METÁFORAS, OXÍMOROS
SUMIDOS NO SORVEDOURO.
NÃO DEVE ADIANTAR GRANDE COISA PERMANECER À ESPREITA
NO TOPO FANTASMA DA TORRE DE VIGIA
NEM A SIMULAÇÃO DE SE AFUNDAR NO SONO.
NEM DORMIR DEVERAS.
POIS A QUESTÃO-CHAVE É:
SOB QUE MÁSCARA RETORNARÁ O RECALCADO?

Esquadros
Adriana Calcanhoto

Eu ando pelo mundo prestando atenção,
em cores que não sei o nome.
Cores de Almodovar, cores de Frida Kahio, cores.
Passeio pelo escuro,
Eu presto muita atenção no que meu irmão ouve.
E como uma segunda pele, um calo, uma casca,
Uma cápsula protetora,
(Ah!) Eu quero chegar antes.
Pra sinalizar o estar de cada coisa, filtrar seus graus.
Eu ando pelo mundo divertindo gente.
Chorando ao telefone e vendo doer
A fome dos meninos que têm fome.
Pela janela do quarto,
Pela janela do carro,
Pela tela,
Pela janela,
Quem é ela , quem é ela?
Eu vejo tudo enquadrado, remoto controle.
Eu ando pelo mundo, e os automóveis correm para quê?
As crianças correm para onde?
Trânsito entre dois lados,
De um lado eu gosto de opostos, expondo o meu modo, me mostro.
Eu canto para quem?
Eu ando pelo mundo e meus amigos, cadê?
Minha alegria, meu cansaço?
Meu amor cadê você?
Eu acordei, não tem ninguém ao lado.
Eu ando pelo mundo e meus amigos, cadê?
Minha alegria, meu cansaço?
Meu amor cadê você?
Eu acordei, não tem ninguém ao lado.

10 julho 2007

Eu recomendo




Filme : NEXT
Ator principal : Nicolas Cage
Diretor: Lee Tamahori (???)
Plot: Baseado no conto "THE GOLDEN MAN" de Phillip K. Dick
Mais informação: imagine se você pudesse ver dois minutos no futuro... Ele pode.

09 julho 2007

Fight Club Song



E você abre a porta e entra,
estamos dentro de nossos corações.
Agora imagine que sua dor é uma bola branca de luz que cura!
Isso mesmo, sua dor, a dor em si, é uma bola branca de luz que cura.

Eu acho que não!

Essa é sua vida, caindo a ultima gota.
não vai ficar melhor do que está.
está é sua vida e ela acaba a cada segundo.

Isto não é um seminário
isto não é um retiro de fim de semana
De onde você está agora você não tem idéia de como fundo será
Somente depois de um desastre nós podemos ser ressuscitados
É somente depois de perder tudo que você está livre para fazer tudo

Nada é estável
Tudo está evoluindo
Tudo está caindo aos pedaços

Você não é um belo e único floco de neve
Você é a mesma matéria orgânica deteriorando assim como todo o resto
Nós somos todos partes do mesmo resíduo orgânico
Somos todos o lixo que cantam e dançam do mundo

Você não é sua conta bancária
Você não é as roupas que você veste
Você não é o conteúdo da sua carteira
Você não é seu câncer de intestino
Você não é seu café com leite
Você não é o carro que você dirige
Você não é sua malditas gatinhas

Você tem que desistir
Você tem que saber que um dia você irá morrer
Até que você saiba disso
Você é inútil

Eu digo, nunca me deixe ser completo
Eu digo, eu posso nunca ser contente?
Eu digo, me livre dos meus moveis suecos
Eu digo, me livre da arte contemporânea
Eu digo, me livre da pele clara e dos dentes perfeitos
Eu digo, você tem que desistir
Eu digo, evolua, e deixe que os tropeços te derrubarem quando deve acontecer.

Eu quero que você me bata o mais forte que puder
Eu quero que você me bata o mais forte que puder

Bem-Vindo ao Clube Da Luta
Se essa é sua primeira noite
Você tem que Lutar!

Músicas que eu queria ter feito: Titãs



Disneylândia (1993)
Titãs / Arnaldo Antunes

Filho de imigrantes russos casado na Argentina com uma pintora judia, casou-se pela segunda vez com uma princesa africana no México.
Música hindú contrabandiada por ciganos poloneses faz sucesso no interior da Bolívia.
Zebras africanas e cangurus australianos no zoológico de Londres.
Múmias egípcias e artefatos íncas no museu de Nova York.
Lanternas japonesas e chicletes americanos nos bazares coreanos de São Paulo.
Imagens de um vulcão nas Filipinas passam na rede de televisão em Moçambique.
Armênios naturalizados no Chile procuram familiares na Etiópia,
Casas pré-fabricadas canadenses feitas com madeira colombiana, Multinacionais japonesas instalam empresas em Hong-Kong e produzem com matéria prima brasileira para competir no mercado americano.
Literatura grega adaptada para crianças chinesas da comunidade européia.
Relógios suiços falsificados no Paraguay vendidos por camelôs no bairro mexicano de Los Angeles.
Turista francesa fotografada semi-nua com o namorado árabe na baixada fluminense.
Filmes italianos dublados em inglês com legendas em espanhol nos cinemas da Turquia.
Pilhas americanas alimentam eletrodomésticos ingleses na Nova Guiné.
Gasolina árabe alimenta automóveis americanos na África do Sul.
Pizza italiana alimenta italianos na Itália.
Crianças iraquianas fugidas da guerra não obtém visto no consulado americano do Egito para entrarem na Disneylândia.

Saia de mim (1991)
Titãs

Saia de mim como suor
Tudo que eu sei de cor
Saia de mim como excreto
Tudo que está correto
Saia de mim
Saia de mim
Saia de mim como um peido
Tudo que for perfeito
Saia de mim como um grito
Tudo que eu acredito
Tudo que eu não esqueça
Tudo que for certeza
Saia de mim vomitado
Expelido, exorcizado
Tudo que está estagnado
Saia de mim como escarro
Espirro pus, porra, sarro
Sangue, lágrima, catarro
Saia de mim a verdade
Saia de mim a verdade
Saia de mim a verdade

Infelizmente (1987)
Sérgio Britto

A tua voz está cansada e rouca
Pois não falamos pela mesma boca
E o teu corpo então é gordo e calvo
O teu lençol já não é limpo e alvo
Não advinhas de quem és escravo
Nem o que pode causar tal estrago
Eu sei porque vives feliz e calmo
É porque achas que estás são e salvo
Tua mulher não quer criar teus filhos
E tu não queres dividir teus grãos de milho
E mesmo assim eis que aí vem de novo
Tua parceira vai por mais um ovo
Mas tu não sabes do que tenho fome
Pois não nos chamam pelo mesmo nome
E quando comes te redeiam moscas
É porque usas sempre as mesmas roupas
Mas se perderes tudo até as calças
Só vão te dar algum caixão sem alças
E quando enfim chegar a tua hora
Não vão pôr flor ao pé da tua cova


Porrada (1986)
Arnaldo Antunes / Sérgio Britto

Nota dez para as meninas da torcida adversária
Parabéns aos acadêmicos da associação
Saudações para os formandos da cadeira de direito
A todas as senhoras muita consideração.
Porrada
Nos caras que não fazem nada.
Medalinhas para o presidente
Condecorações aos veteranos
Bonificações para os bancários
Congratulações para os banqueiros
Porrada
Nos caras que não fazem nada.
Distribuição de panfletos
Reivindicação dos direitos
Associação de pais e mestres
Proliferação das pestes
Porrada
Nos caras que não fazem nada.


O que (1986)
Arnaldo Antunes

Que não é o que não pode ser que
Não é o que não pode
Ser que não é
O que não pode ser que não
É o que não
Pode ser
Que não
É
O que não pode ser que
Não é o que não pode ser
Que não é o que
O que?
O que?
O que?
Que não é o que não pode ser que não é

Palavras (1989)
Marcelo Fromer / Sérgio Britto

Palavras não são más
Palavras não são quentes
Palavras são iguais
Sendo diferentes
Palavras não são frias
Palavras não são boas
Os números pra os dias
E os nomes pra as pessoas
Palavra eu preciso
Preciso com urgência
Palavras que se usem
em caso de emergência
Dizer o que se sente
Cumprir uma sentença
Palavras que se diz
Se diz e não se pensa
Palavras não têm cor
Palavras não têm culpa
Palavras de amor
Pra pedir desculpas
Palavras doentias
Páginas rasgadas
Palavras não se curam
Certas ou erradas
Palavras são sombras
As sombras viram jogos
Palavras pra brincar
Brinquedos quebram logo
Palavras pra esquecer
Versos que repito
Palavras pra dizer
De novo o que foi dito
Todas as folhas em branco
Todos os livros fechados
Tudo com todas as letras
Nada de novo debaixo do sol

Medo (1989)
Tony Bellotto / Arnaldo Antunes

Precisa perder o medo do sexo
Precisa perder o medo da morte
Precisa perder o medo da música
Precisa perder o medo da música
O que se vê não se via
O que se crê não se cria
Precisa perder o medo da musa
Precisa perder o medo da ciência
Precisa perder o medo da perda
Da consciência
O que se vê não se via
O que se crê não se cria
Precisa perder o medo de mim
Precisa perder o medo de mim
Precisa perder o medo da música
Precisa perder o medo da música
O que se vê não se via
O que se crê não se cria
Medo medo medo medo
O que se crê não se cria
Precisa perder o medo da musa
Precisa perder o medo da musa
Precisa perder o medo da música
Precisa perder o medo da música
Medo medo medo medo
O que se crê não se cria

Televisão (1985)
Marcelo Fromer / Tony Bellotto / Arnaldo Antunes

A televisão me deixou burro, muito burro demais
Agora todas coisas que eu penso me parecem iguais
O sorvete me deixou gripado pelo resto da vida
E agora toda noite quando deito é boa noite, querida.
Ô cride, fala pra mãe
Que eu nunca li num livro que um espirro fosse um vírus sem cura
Vê se me entende pelo menos uma vez, criatura!
Ô cride, fala pra mãe !
A mãe diz pra eu fazer alguma coisa mas eu não faço nada
A luz do sol me incomoda, então deixo a cortina fechada
É que a televisão me deixou burro, muito burro demais
E agora eu vivo dentro dessa jaula junto dos animais.
Ô cride, fala pra mãe
Que tudo que a antena captar meu coração captura
Vê se me entende pelo menos uma vez, criatura!
Ô cride, fala pra mãe!

Vossa Excelência (2005)
Tony Bellotto / Charles Gavin / Paulo Miklos

Estão nas mangas dos Senhores Ministros
Nas capas dos Senhores Magistrados
Nas golas dos Senhores Deputados
Nos fundilhos dos Senhores Vereadores
Nas perucas dos Senhores Senadores
Senhores!
Senhores!
Senhores!
Minha Senhora!
Senhores!
Senhores!
Filha da Puta!
Bandido!
Corrupto!
Ladrão!
Sorrindo para a câmera
Sem saber que estamos vendo
Chorando que dá pena
Quando sabem que estão em cena
Sorrindo para as câmeras
Sem saber que são filmados
O sol um dia ainda vai nascer
Quadrado
Isso não prova nada!
Sob pressão da opinião pública
É que não haveremos de tomar nenhuma decisão!
Vamos esperar que tudo caia no esquecimento
Aí então...
Faça-se a justiça!
Vamos arrumar vossas acomodações, Excelência.
Filha da Puta! Senhores! Corrupto!
Senhores! Bandido! Senhores! Ladrão!



03 julho 2007

Um breve ensaio de idéias para um livro não-ficção de sucesso




Se você está sonhando acordado
Deve estar dormindo na hora errada.

Quem quer chegar mais rápido
Não escolhe o caminho mais longo.

A sorte ajuda aos audazes
Por isso, redobre seus cuidados.

Odiar quem nos odeia é fácil
Difícil é amar a quem nos ama.

A palavra é prata e o silêncio é ouro
Mas a gente sempre compra o que é mais barato.

Camarão que dorme a onda leva
Vai deitar na cama então, meu filho.

O dinheiro pode não trazer felicidade
Mas pessoas felizes podem atrair dinheiro.

Errar é uma merda
Pedir desculpas é humano.

Se você quer fazer, faça.
Se você quer que façam, peça.

Pare de ouvir conselhos dos outros
Comece a praticar os melhores.

O bom senso é um livro de auto-ajuda
Mas com o seu nome escrito na capa.

Escreva o seu próprio livro de auto-ajuda
Tenha bom senso e seja feliz.

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Disco do Calipso bombando na banca pirata Playboy virou escolha do proleta E o picareta promovido a novo profeta Caiu na rede o selfie do se...