A quem venderei minha
alma ?
Canto I
E não foi então que me vi afastado da
vida real
E chorei copiosamente por me saber um
completo idiota
E vi que o inferno habita na dúvida e
não no erro
Como o que acorda com um tapa na cara
Sentindo-me ainda tonto do que houvera
Retirei da fronte a grinalda de hera e
segui em frente.
A selva densa era um mar de gente e
treva
Eu queria me encontrar com o DIABO!
E, sem Virgílio, Drummond ou Pessoa
Atravessei os portões da agonia
Sem querer mais a santidade dos passos
de outrora
Mas o segredo da heresia
Abraçado a poesia
a mesma literatura que me deixou
doente.
Canto II
Antes que me peguem pelo braço explico
Que esta vida real que ainda me foge ao
entendimento
Palco de guerra, desejos e pecados
capitais
É, para vocês que não sabem o que é
viver o sonho,
O mundo.
O mundo que vos cerca
Ensinado por suas famílias
Nos catecismos e terreiros
Nas trincheiras
No trabalho tautométrico e
Que lhes foi mal ensinado nos livros
didáticos
Ou invade a sala pelos telejornais
Na teledramaturgia do merchandise
E em documentários inteligentes do
History Channel.
Tolos, todos vós que pensais, que este
mundo é o inferno.
Canto III
Esse mundo de enganos da vida real
A vocês, que não sabem o que é viver o
sonho,
Pode parecer injusto, cruel e ingrato.
Mas, para sua tristeza final o que é
certo
E é fato
É que este mundo cruel
Injusto
Guloso
Avaro
E preguiçoso
É apenas o nosso retrato.
Apenas o nosso retrato
Canto IV
Ah! Mas por quê me embrenhei desperto
em meio a treva?
O que quero eu com esse blá blá blá
Eu quero é me encontrar com o DIABO
E vender-lhe, pessoalmente a minha
triste alma
A troco de nada além do esquecimento.
O vigário pediu minha alma
E quis me dar salvação
O pastor cobrou mais caro
O pai de santo prometeu um acordo
O meu patrão um abono
A minha mãe apenas pediu pra que eu
fosse bom
O garoto do sinal me pediu um real
A platéia pede que você sorria (ou
morra)
O que for mais divertido
Os invejosos querem meu sangue
As putas me pedem dinheiro
E vocês, talvez, apenas um bom poema
A felicidade, cenoura pendurada em
frente ao burro,
Me trouxe sangrando até aqui
O amor talvez me pedisse menos se me
amasse
Canto V
Vocês ainda se perguntam o que é o
inferno?
O inferno é o passado
O não esquecimento
O purgatório é o seu presente
E a cenoura, seu futuro.
DIABO! DIABO!
Apenas em troca do esquecimento.
Pois sinto remorsos e ainda tenho
esperanças
Ainda me decepciono com o ser humano
E vivo no sonho
Adoecido pela literatura
A quem venderei minha alma?
Procuro quem faça bom proveito dela.
Talvez nem ao DIABO ela interesse
Pois sou cheio de Ira, orgulho e
vaidade.
E não há como não ser mastigado pela
mandíbula maldita de Belzebu
Você quer comprar minha alma?
Pra fazer o quê?
Comprem, por favor!
Ela não vale mesmo nada
Ela vaza em letras empilhadas em versos
Talvez façam melhor uso dela
Do que eu.
Da fina treva,
ResponderExcluirPerdido em verso,
Leio.
O lamento de quem viveu.
Viveu?
Ou se entrega a Lilith, verdadeira dama dos sonhos suicidas.
Não é ao Diabo que deves procurar.
A Lua Negra se avizinha.
Quando chegar, te aviso.
E vamos juntos continuar o sonho que a relidade do inferno nos nega.
Sem a quimera do sonho futuro e juvenil, sem culpa.
Apenas sonho. Desbravendo a florsta negra em que habitam Elfos e Fadas,
Até nos cansarmos dessa nova triste realidade.
Sem sonho, sem vida.
O que resta agora a essa pobre poeta que se arrasta entre pilhas de versos rebeldes e devaneios em retalhos? Levantar-me e aplaudir um dos maiores poetas do século 21!!
ResponderExcluirEvoé Mestre Pakkato!!