20 dezembro 2003

Triste, o espírito que não se farta
na ilusão espúria da existência,
Vai procurar na arte algo que faça,
Entre este plano, pleno em desgraças,
Um mundo outro, pleno em consciência.

Caminha o homem, sem saber o seu destino,
Em direção à glória ou à perversidade?
Somos homens conscientes, com memória,
Ou somos tolos que, agindo qual meninos,
Reinventam todo tempo a mesma história?

Avança a ciência. Avança o homem?
Em verdade, se acentuam diferenças.
Se existe um outro mundo após a morte,
Assim como o afirmam muitas crenças,
Morrer é, para o homem, pura sorte.

Sofrer e estar no mundo já se rimam.
Bom senso e humanidade são loucura.
O que é ciência hoje é criação tardia
Daquilo que o passado achou loucura.
A morte é, com certeza, uma alforria.

A alma, esta que sofre co'as desgraças,
Quando se percebe parte de um aboio,
Revoltada com os céus prefere o nada.
A razão é rota mal-iluminada
E os sentidos não mais servem como apoio.

E, sem anjos, orixás ou bruxarias,
pajelanças, orações ou patuás
Restam somente vozes de mil teorias
Que não dão conta do que é estar no mundo
E classificam : coisas "boas", coisas "más".

Triste, o espírito que não se farta
na ilusão espúria da existência,
Vai procurar na arte algo que faça,
Entre este plano, pleno em desgraças,
Um mundo outro, pleno em consciência.


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