13 novembro 2005

fé determinada fé no determinismo fé exterminada

se o movimento de tudo que vejo no mundo me aponta a direção das coisas? sei apenas que o que vejo só me dá conhecimento sobre o que vejo. às vezes nem isso. há teorias muito boas sobre a validade da experiência no aprendizado. não me servem. eu abomino estatísticas e divinatórios. videntes em manicômios, matemáticos em sanatórios. o movimento das marés, dos dias da semana, das gripes e dos discursos politizados não me apontam nada... em vão jornalistas, curas e especialistas desenham seus gráficos e apresentam receitas. acho que sofro de pretensão crônica. invento a cada instante um caminho. o que conheço e o que sei que não conheço não me bastam. eu me basto. faço as perguntas certas quase sempre. arranjo explicações para tudo. eles, os das teorias, me garantem que sabem da verdade. aprenderam a mentir com método e isto os torna mais respeitáveis. também tento lotar a minha estante de livros em busca de respeito, só não encontro respostas satisfatórias. quem me garante que apenas porque eu acredito nas coisas como elas são e pareço perceber como elas funcionam, quem me garante que as coisas existem realmente do jeito que as vejo?
começo a acreditar piamente que somos todos personagens em um filme...(...) sempre me sobressaltei com esta hipótese absurda e, me dá vontade de alertá-lo, antes que você decida ler isso e seguir em frente nessa empreitada insana: cada qual tem seu papel nesta história.
teorizarei sem método. responda: como saber se não sou parte do sonho de alguém, com papel secundário, sem ser o herói da história, morrendo cedo em um capítulo menor? as minhas confissões trarão à tona os absurdos por que minha alma passou enquanto eu buscava uma resposta. nem sempre eu faço as perguntas certas. há o momento em que qualquer explicação traz conforto à alma. estou convencido de que somos mesmo personagens num filme. minhas memórias e sonhos tem a dinâmica do cinema. a seqüência inacreditável de mudanças em minha vida não foram planejadas por mim mas por um autor. nem pajelanças ou a psicanálise poderão dar um jeito nisso. este é meu alerta a vocês, um testemunho-testamento. afinal, eu me percebi personagem e vocês, os outros, não. estarei estrelando um papel messiânico? sofro de pretensão crônica? não há como saber o que este roteiro me reserva. não há como alcançar o autor. comecei a me comportar de modo a moldar o meu papel. ao agradar o autor eu talvez consiga um papel melhor neste filme: rockstar, general romano, aventureiro quiça o de yuppie milionário.
há a época em que o futuro não faz sentido. as coisas acontecem. arranjo explicações para tudo. estatísticas só demonstram tendências. temos que formular as perguntas certas... as perguntas certas e cada vez melhores... o movimento só funciona com o silêncio. o silêncio permite a mente o trabalho. somente a mente vê, no escuro, o vago. Devaneio. Somos parte de filmes cujo roteiro não está em nossas mãos. Play your part on the role. apague e luz e vá dormir. Tudo tem trilha sonora. Só porque você sente, não significa que está lá.


Por que acabou com ela???

Ela não tinha nada a ver com meu roteiro. meu filme era denso e intelectualizado. Ela era sessão da tarde. estávamos ambos lutando por um papel principal na vida. a repartição pública não era o melhor palco. passeamos pela vida, cada um em seu horário. eram horários diferentes e para públicos distintos. só depois descobri que éramos invejados. a inveja declarada e sabida é, por vezes, um combustível para os romances. para mim o nosso espetáculo não fazia sucesso sem que houvesse tais palmas. Ela, por sua vez, acreditava em poemas. dizia que assistir aos filmes de arte era romântico. eu ia contrariado. Eu gostava da decadência pequeno burguesa, do rock britânico, da literatura fast food e ainda mantinha um ar blasée de superioridade adolescente. Ela sorria com o sol e não temia fazer concessões à minha extravagante forma de ver a pop art. havia a coleção de selos e a de moedas. não sinto muita falta desse o "eu fôra". Eu fôra superficialmente profundo e profundamente superficial. Ela... Ela não fazia parte da lógica que acompanha uma seqüência de fatos. era bruxa, fazia canto e queria ser atriz. ela era fonte de luz e cegueira. Eu era o cara mais sortudo do mundo na hora errada. Eu fiz planos e não deixei espaços para ela. Não se pode voltar no tempo e recuperar as coisas. sei que acabou com ela, mas eu nunca acabei de mudar depois disso. minha vida só fez sentido quando eu a perdera. me restou a obrigação de tornar os planos reais. perdera Ísis, numa paisagem deserta,sem trilha sonora apropriada. Nenhum outro par romântico fez sucesso depois disso.

06 novembro 2005

E-mala para a Enquete "TESTE CEGO" da cerveja KAISER

Recordo-me da propaganda de lançamento do Guaraná Kuat no Brasil.
Fico feliz de ter memória desses enfadonhos trinta segundos num país como o nosso, onde se esquece do que aconteceu no último mês.
Ao que parece, no entanto, uma geração de publicitários insiste em utilizar-se da mesma fórmula imbecil: O consumidor não conhece o produto que consome.
Quando vi a propaganda do Kuat pensei com meus botões: é claro que há pessoas que não perceberiam a diferença entre um guaraná xarope gaseificado e um “champanhado” (alcunha do processo utilizado pela Antártica). Afinal de contas há pessoas que não conseguem bater palmas de forma a acompanhar uma música, pessoas que são incapazes de cantarolar atirei o pau no gato no tom e que põem catchup em medalhão ao molho madeira.
A publicidade parece não ter entendido que, ao escolher um produto como a cerveja, o alvo deve ser o dos Marias-vão-com-as-outras. Beber Skol é cool porque o cara mais descolado do grupo bebe, porque alguém que é referência bebe. Aquele que já escolheu o “seu” produto não será influenciado e se pode afastar o consumidor potencial com jocosas colocações como esta:
“—Me vê uma Kaiser porque eu não sinto a diferença mesmo!!!”
Se pusessem alguém falando do sabor, inflando a imagem do produto, nunca poriam o Pânico pra fazer o teste cego. Fala sério, não quero tirar o ganha-pão de ninguém, mas a Kaiser deve estar lavando é grana.
Eu acho engraçado o que os marketeiros fazem. Sabendo que o povo brasileiro é em sua maioria composto de analfabetos funcionais, imagine as desgraças que um gráfico travestido de estatística pode fazer. Chego eu, pro dono da companhia, lhe ofereço um web site, espaço na tevê e uma estratégia de infiltração (já testada) e pimba!!! GRANA!!! Se eu fosse dono da companhia não iria ser iludido apenas pelo formato. O conteúdo, a despeito dos gráficos e enquetes, só tem um objeto de tese: O consumidor não conhece o produto que consome.
Pra piorar, quando vejo as esquetes do Pânico, tenho que ver a maioria escolhendo SKOL como a mais gostosa e acertando todas as opções de um “bom bebedor”. E ter que engolir Emílio Surita ,numa atitude anti-ética, dizer que o teste “provou a tese” é dose. O consumidor conhece o produto que consome quando o consome regularmente. Uma tentativa da Pepsi em utilizar este modelo de marketing fracassou como o Titanic.
Espero que vcs, que trabalham nesta campanha, façam muito sucesso e nunca se envolvam com política.
ESTAREMOS PERDIDOS !!!!!!

Brazil home delivery apocalipse

Disco do Calipso bombando na banca pirata Playboy virou escolha do proleta E o picareta promovido a novo profeta Caiu na rede o selfie do se...