25 novembro 2010

Miséria



A miséria nasce nas capitais
Invade mangues sobe morros e destrói famílias
Fruto de um sistema que se acha nobre
Mas que dá tudo ao rico dando grilhões aos pobres

A miséria invade as casas pelos telejornais
Milhões de mortos nas esquinas
Versões oficiais não dão conta da chacina
Que acontece todo dia
Amanhã a gente esquece e já foi feita a faxina

A miséria nasce e mora nas capitais
No discurso de idiotas e de intelectuais
A serviço de patéticas ideologias
Prolifera o medo
Perpetua a hipocrisia
Em condomínios fechados
entre muros de concreto se esconde a burguesia
À sua porta batem mendigos e ladrões
Putas e viciados que seu vício financia

Pra sua segurança!





O Rio acorda mais uma vez apreensivo.

Eu sinto o cheiro de medo da cidade misturado a odores mais ácidos do que de costume.

Mas a vida deve continuar apesar de mais uma chacina anunciada. Faço a barba, escovo os dentes e procuro o ponto de ônibus onde vou para o trabalho.

As televisões, que todo dia procuram seu fascínora nas desgraças familiares, podem concentrar-se em entrevistar policiais e políticos durante esses dias de caos, dando folga aos jornalistas formados nas areias do Posto 9 ou nos shopping Centers paulistas incapazes de traçar um paralelo decente entre a realidade e seus manuais de redação apenas por causa de um simples fato: a realidade, com sua pluralidade de fatos geradores, é ilógica na maioria das vezes. Por isto chamamos CAOS. E nessa situação, Stanislaw nos proteja, as besteiras florescem a todo vapor.





Vamos falar da Colômbia e comparar o Bope a SWAT mas, como sempre fazemos, ao ver essa velha tragédia travestida iremos apenas esperar a contagem de corpos no final do Jornal Nacional antes da novela. Como sempre fazemos, iremos nos esquivar da discussão dos fundamentos legais que limitam a ação da polícia e do descaso a uma política de segurança preventiva, vamos esquecer que esses "bandidos" contam com um exército de crianças abandonadas e, ao final do dia, é a foto de um moleque morto que estará lá, na capa do jornal vagabundo que vende o horror por cinquenta centavos. Esse moleque não é o nosso filho? Não. É o cara que mete a pistola na tua boca no sinal.

Eu não sei banalizar a guerra! Por mais debochado que seja me é impossível rir diante de tamanha gravidade.

Mas a verdadeira guerra, a mais difícil, cabe àqueles homens que puderem levantar a cabeça um pouco para fora da manada e, esquecendo do ódio, do medo e até mesmo da manipulada opinião pública(que nada mais é que uma pesquisa composta de perguntas capciosas), tiverem o discernimento de enxergar que a forma como deixamos abandonadas as pessoas (e não falo dos bandidos) tem que acabar nesta cidade.

Para nossa segurança é preciso que se pense na lei, nos policiais, nos menores abandonados e nas comunidades desassistidas antes que comece o novo Horário eleitoral e vejamos mais um fascista sanguinário querendo ver Tropa de Elite 3 no horário nobre da Globo.

Aí é que se entende o valor de Grupos como o AfroReggae.

Aos que ficaram felizes em sair mais cedo do trabalho, que certamente nos escraviza devido ao modelo proto capitalista deste paiseco latino terceiromundista, fica o recado: amanhã é de casa que você nem mesmo poderá sair.

Rogo para que este exército de terroristas nunca bata à minha porta.

Mas rogo também que descontentes como eu formem um novo exército.

Pra sua segurança!

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