28 janeiro 2015
25 janeiro 2015
Nossa geração genial
Nossa geração é genial. Acredita no gênio da garrafa. Viu os dois gols mágicos de Pet. Acha que a garrafa PET é mágica. E o que é mágica? Mágica é tirar do nada. Televisores, celulares e garrafas vindos do limbo. A indústria é uma cartola. O planeta cornucópia está falido. A torneira não verte mais nada. Falaram sobre o maldito satélite que controla o clima? Conspiração para engarrafar o ar. A prestidigitação serve para o roubo silencioso. A hipnose da propaganda faz do homem o único macaco que odeia a própria bunda. Saúde é pra dar não pra vender. Confundimos tudo. Fomos mal alfabetizados. Educação por amor? Pelo amor de Deus! Acreditamos em mágica. Quanto vale o show pastor? Amo Jesus Cristo, Oxóssi, Império Serrano e o Flamengo. Vi os gols mágicos. A torneira vai secar. Procuraremos outro Rio subindo a correnteza em uma balsa PET. Essa geração secou e tornou cética a próxima. Anti-ética, maldiz a academia porque dormiu nas aulas de história e foi reprovada. Outra realidade impossível , essa realidade improvável. Não refletimos. Somos vampiros.
Mágicos!
21 janeiro 2015
Votos para uma humanidade consumida
Que você seja mais o que lhe consome
Que você consume mais do que consuma
O homem é bem mais do que a fome
O homem não é só aquilo que come
O nome da fome perdeu-se na bruma
Que você seja o que realmente pode ser
Ou seja apenas aquilo que é
e não suma
*(tirinha Malvados de André Dahmer)
18 janeiro 2015
Carta aos Poetas ou Pela Inevitável Desapropriação do Poema
Desvelar o significado,
Um algo congelado,
Maldição das coisas,
Extraindo palavras
em busca de uma essência.
Eu sei do vento.
Leio o poema:
Olhos brincando com nuvens.
Palavras não pertencem
A nada ou a ninguém.
O poema está livre
de qualquer conceito
tacanho e burguês
como o de propriedade.
Ele agora é meu, o leitor.
Um poema pode ser apenas
Papel rabiscado
E, logo, poema não é.
Só mais uma coisa
Desconectada e inerte
Mais infeliz que a carta dos suicidas.
Mas não te iludas.
Não foi o olhar do leitor
que tornou o poema
Insignificante
À poesia não importam
O sotaque soberbo de teus arrotos geniais
Tuas aflições tarja preta
Ou pretensas insígnias hereditárias
Importa a alma,
A ponte.
Ainda que o poema nada aponte
E seja como a nuvem
Pluriforme
Na essência do papel rabiscado
Tem que haver alma,
a consciência do movimento.
A poesia não é nuvem
É vento.
Respeite-me, poeta.
14 janeiro 2015
Brinquedos
O primeiro brincava com as nuvens
O segundo a essência das nuvens buscava
O primeiro encontrou um brinquedo e um sorriso.
O segundo conseguiu: Deu com os burros n' água.
11 janeiro 2015
Para o leitor de poesias
Estranho quando dizem:
"Produziu bom conteúdo."
O que vem de dentro do poeta
Está cá fora
nu
sob o olhar de todos
sem os binóculos da metáfora.
Quando dizem:
"Produziu bom conteúdo."
O conteúdo bom
Apenas ganhou vida dentro
Ao encontrar suas palavras.
Não importa se o poeta
É voyeur ou cientista.
Eis o poder da poesia:
Aproximar universos
revelando o microscópico.
"Produziu bom conteúdo."
O que vem de dentro do poeta
Está cá fora
nu
sob o olhar de todos
sem os binóculos da metáfora.
Quando dizem:
"Produziu bom conteúdo."
O conteúdo bom
Apenas ganhou vida dentro
Ao encontrar suas palavras.
Não importa se o poeta
É voyeur ou cientista.
Eis o poder da poesia:
Aproximar universos
revelando o microscópico.
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