25 julho 2004



Passa o tempo
Matriz dos fatos
Minha consciência nada alcança

Sofro e sorrio
Confuso indago
Hei de encontrar-me na inconstância ?

Minha consciência
Desnuda-se em atos
Vejo repetir-se minha infância

Sorrimos ou sofremos ?
Não somos exatos
Herdamos o que temos em criança

Passa o tempo
Matriz dos fatos
Minha consciência nada alcança
Desculpas a todos pela demora em atualizar o blog. Muitas horas ocupado nestes últimos dias para pensar em algo que fosse publicável.
No entanto, como ontem, dia 24 de julho, foi meu aniversário pela vigésima nona vez, fica a comemoração da data.

13 julho 2004



Hoje é o DIA DO ROCK

Dia do bom, velho e maltratado Rock, que poucos sabem exatamente o que é realmente nos dias de hoje.
Existem os clássicos da Era Jurássica, os Anos Setenta, o Progressivo e até mesmo o College e o Gothic Rock.
Podem rotular o que ele se tornou o quanto quiserem mas, duvido que não passe pela cabeça de meus contemporâneos o que é o Rock mais cru e verdadeiro, gutural, agressivo, contestador, técnico e contundente quando se pensa nesse dia.

Viva ao DEUS METAL.

10 julho 2004



Escrito pelo Diretor de criação Felipe Lantimant.

"COMO SE FUDER NO SHOW DO LOS HERMANOS"

Voltei para o Brasil há pouco tempo. Vivia com minha família na Inglaterra
desde garoto. Estou morando no Rio de Janeiro há uns três meses e agora
estou começando a me enturmar na Universidade. Não sei de muita coisa do
que está rolando por aqui, então estou querendo entrar em contato com gente
nova e saber o que tá acontecendo no meu país e, principalmente, entrar em
contato umas garotas legais, né?

Mas foi meio por acaso que eu conheci uma garota maneiríssima chamada Tainá. Diferente esse nome, hein? Nunca tinha ouvido. Estava procurando
desesperadamente um banheiro no campus quando vi uma porta que parecia ser
um. Na verdade,era o C.A. da Antropologia. Uma garota já foi logo me
perguntando se eu queria me registrar em algum movimento estudantil de não
sei lá o que. Pensei em dizer que estava precisando cagar muito rápido, mas ela era tão gata que eu falei que sim. Tainá: cabelos pretos, baixinha e com uma estrutura rabial nota dez... Aí, acho que ela me deu um certo
mole... Conversa vai, conversa vem, ela me chamou para um show de uma banda hoje à noite que eu nunca tinha ouvido falar: Loser Manos. Nome engraçado esse! Estava fazendo uma força sobre-humana para manter a moréia dentro da caverna, mas realmente tava foda. Continuamos conversando e rindo. Ela riu até bastante, mas eu, na verdade, tava mesmo rilhando os dentes porque assim ficava mais fácil disfarçar as contrações faciais que eu estava tendo ao travar o cu para não cagar ali mesmo na frente dela.

Pensando bem, eu tinha ouvido falar alguma coisa sim sobre essa banda lá na Europa ainda, mas não me lembro bem o quê. Ah, acho que vi esses caras no noticiário local dando uma entrevista. Achei que fosse uma banda de crentes tradicionalistas tipo Amish.Todos de barba, com umas roupas meio fudidas.

Parecia até a Família Buscapé! Dão a impressão de ser uns sujeitos legais,
mas o que me chamou a atenção mesmo foi o jeito da repórter, como se fosse
a fã nº 1 deles, como se estivesse cobrindo a volta do Beatles ou coisa
parecida. Não entendi esse jeito "vibrão" de trabalhar. Bom, mas se eu
conseguir ficar com o bicho bom da Tainá hoje à noite, já tô no lucro!
Marcamos de nos encontrar na entrada do ginásio. Rapaz, acho que tô dando
sorte aqui no Brasil! Ia ser fácil achar essa garota no meio da multidão.
Ela se veste de uma maneira estilosa, diferente, bem individual: sandália
de dedo, saia indiana, camiseta de alça, uma bolsa a tiracolo e o mais
interessante: um óculos fininho, de armação escura, grossa e retangular,
engraçados até! Depois de uns mil "Desculpe, achei que você fosse uma amiga minha.", finalmente encontrei Tainá e seu grupo de amigos. Cacete, isso sim é que é moda! Parecia uniforme de escola!

Ela me apresentou suas amigas, Janaína e Ana Clara e seus respectivos
namorados, Francisco e Bento. Uma mistura de fazendeiros com intelectuais.
Uns caras de macacão, óculos e de sandália de pneu e com ar professoral.
Pareciam ser legais, "do bem" como eles mesmo falam... Mas que não me eram
muita conversa. "Do bem", isso mesmo! Gíria nova... Todos aqui são "do bem". E que nomes tão simples! Janaína, Ana Clara, Francisco, Bento e Tainá. Nada de Rogérios ou Robertos. E eu já tava me sentindo meio culpado por me chamar Washington... Realmente estava no meio de uma nova época da
juventude niversitária brasileira!

Comecei a conversar com a Tainá antes que a banda entrasse no palco. Aí,
acho que tá rolando uma condição até! Quem sabe posso me dar bem hoje? Ela
começou a falar de música: "Quem você gosta em musica?", perguntou.

- Pô, eu me amarro no George..."

Ela imediatamente me interrompeu, dizendo alto: "Seu Jorge? Eu também amo
o Seu Jorge!" Puxa, que legal! Ela gosta tanto do George Harrison que se
refere a ele com uma intimidade única! Chama ele de "Seu"! Seu Jorge! Isso
é que é fã!

"Legal você já conhecer ele, hein? Eu sabia que ele ia se dar bem na
Europa! O Seu Jorge é um gênio!" , ela emendou. Pô, eu morava na
Inglaterra. Como eu não ia conhecer o George Harrison? Essa eu não entendi... Depois ela perguntou quais bandas que eu gostava.

"Eu curtia aquela banda da Bahia...".
"Ah, Os Novos Baianos, né?? Adoro também!"
"Não, Camisa de Vênus! "Silvia! Piranha!" cantei, rindo.

A cara que ela fe z foi de quem tinha bebido um balde de suco de limão com
sal. Senti que ela não gostou muito da piada. Tentei consertar: "Achava
eles engraçados, mas era coisa de moleque mesmo, sabe?" Óbvio que não
funcionou... Aí, acho que dei um fora... Depois, Tainá foi me explicando
que o tal Loser Manos é a melhor banda do Brasil, etc., etc., etc., e que
eles "promovem um resgate da boa música brasileira". "Tipo Os Raimundos com o forró?", perguntei. "Claro que não!", disse ela meio exaltada! Ela me falou que não se pode comparar os Los Hermanos com nada porque "eles são únicos", apesar de hoje se ter excelentes artistas já reverenciados pela mídia do Rio de Janeiro como Pedro Luis e a Parede, O Rappa, Ed Motta,
Paulinho Moska, Orquestra Imperial, Max de Castro, Simoninha e Farofa
Carioca. Ela mencionou também "Marginalia" ou coisa parecida. Foi isso
mesmo que eu ouvi? Achei que ela estivesse elogiando eles... Esses foram os nomes artísticos mais escrotos que já ouvi, mas fiquei quieto.

Fico feliz em saber isso pois quando me mudei o que fazia sucesso no Rio
era Neuzinha Brizola e seu hit "Mintchura". Ainda bem que tudo mudou, né?

Só depois percebi que o nome da banda é em espanhol: Los Hermanos. Ah bom!
Mas se eles são tão brasileiros assim porque não se chamam "Os Irmãos"?
Quando saí daqui os nomes de muitas bandas costumavam ser em inglês e até
em latim. Ainda bem que essa moda de nomes de bandas em espanhol não pegou
por no Brasil! Pelo que me lembro, ao explicar qual é a dos "Hermanos", ela usou a expressão "do bem" umas 37 vezes e disse que eles falam de
romantismo, lirismo, samba, brasilidade e circo. Legal, mas circo? Pô,
circo é foda! Uma tradição medieval que ganha dinheiro maltratando animais.
Onde está a poesia de ver um urso acorrentado pelo pescoço tentando se
equilibrar miseravelmente em cima de uma bola enquanto é puxado pelo
pescoço por uma corrente e por um cara com um chicote na mão? Rá, rá, rá...
Engraçado pra caralho! Na boa, circo é meio deprimente. Palhaço de circo só troca tapão na cara e espirra água nos olhos dos outros com flor de lapela e quando sai do picadeiro, vai chorar no camarim. Que merda! A única coisa legal no circo mesmo é quando ele pega fogo. Isso sim que é um espetáculo de verdade! Aquela correria toda, etc. Senti que essa galera se amarra em circo. Não faz sentido se eles são tão politicamente corretos assim, né? E os pobres animais? E eu querendo não passar em branco com a conversa com a Tainá, mas não conseguia lembrar de jeito nenhum a única coisa que eu sabia sobre a banda...
Cacete...!
O que era mesmo?

De repente, uma gritaria histérica! O show tava começando! O ginásio veio a baixo! Perguntei pra ela: "Eles são todo irmãos, né, tipo o Hanson?" Ela
disse um "não" esquisito, como se eu tivesse debochando. Todos eles usam
uma barba no estilo Velho Testamento e se chamam "Los Hermanos"! O que ela
queria que eu pensasse? Após ouvir a primeira música deu pra ver que os
caras são profissionais mesmo, tocam bem e são completamente idolatrados
pelo público, para dizer o mínimo. Fiquei prestando atenção ao show. Tem
uma influência de Weezer, Beatles e Chico Buarque. Esse aí é fodão,
excelente compositor mesmo. Lá na Inglaterra conhecia uns caras que eram
ligados ao movimento "Dark", como chamam por aqui. São os sujeitos que
gostam de Bauhaus, Sister of Mercy, The Cure, etc. E tem a maior galera
aqui no Brasil também que se veste de preto, não toma sol, curte um
pessimismo niilista e se amarra nessas bandas. Mas se eles sacassem que o
Chico Buarque é o genuíno artista "Dark" brasileiro. Pô, é só ouvir as
músicas dele pra perceber: "Morreu na contra-mão atrapalhando o tráfego" ou "O tempo passou na janela é só Carolina não viu". "Pai, afasta de mim esse cálice, de vinho tinto de sangue" ou "Taca pedra na Geni, taca bosta na Geni, ela é boa pra apanhar, ela é boa de cuspir, ela dá pra qualquer um,maldita Geni". Tudo alegrão, né? Se eu fosse dark, só ia ouvir Chico
Buarque, brother! Tentei reengatar a convera dizendo que achava ao baixista o melhor músico dos Los Hermanos. Ela res pondeu, meio irritada: "Mas ele não é da banda!"
Como eu ia saber?O cara tem barba também! Aí, não tô entendendo mais
nada...

Adiante ela me disse que o cara que ela mais gostava era um tal de
Almirante. Depois de alguns minutos deu pra ver que o camarada imita um
pouco os trejeitos do Paul McCartney, só que em altíssima rotação. Ele fica se contorcendo feito um maluco enquanto os outros ficam estáticos. É engraçado até! Pareceque ele tem uma micose num lugar difícil de coçar! E fica falando e rindo direto. Ele é o irmão gaiato do cara que canta a maioria das músicas, o tal de Marcelo Campelo, como anunciaram no noticiário local. Isso mesmo, Marcelo e Almirante Campelo: "Os Irmãos"! Legal! Já tava me inteirando! Ah,e tem também dois gordinhos de barba que estão lá também, mas devem ser filhos de outro casamento...

Tava um calor desgraçado, coisa que eu realmente não estou acostumado. Fui
rapidão ao bar pra beber alguma coisa. Comprei umas quatro latas de
refrigerante que era o único troço que tava gelado para oferecer para meus
novos amigos:
"Aí, trouxe umas Coca-colas pra vocês!" Ouvi a seguinte resposta:
"Coca-cola? Isso é muito imperialista... guaraná é que é brasileiro!" Puxa, que pessoal politizado... Isso mesmo, viva o Brasil! "Yankees, go home", rá, rá! Outro fora que eu dei! Mas, pensando bem, eles não usam o Windows e o Word pra fazer trabalhos da universidade? Ou usam o "Janelas"? Dessas coisas gringas não é tão mole de abrir mão, né? Mais fácil não tomar Coca-Cola! Isso sim que é ativismo estudantil consciente! Posicionamentos políticos à parte, tava quente pra caralho, então bebi tudo mesmo sob o olhar meio atravessado de todos eles... fazer o quê?

Lá pelas tantas, começou uma música e todo mundo berrou e pulou. Parecia o
fim do mundo. Logo nos primeiros acordes, reconheci o som e falei pra
Tainá: "Ah, eu sei o que é isso! É um cover do Weezer! Me amarro em
Weezer!" Ela olhou pra mim com uma cara indignada e disse: "Que Weezer o
quê? O nome dessa música é "Cara Estranho". Já vi que não gostou de novo...
Mas quem sou eu pra dizer algum coisa aqui, né? Porra, mas que parece,
parece! Mas o que era mesmo que eu não consigo lembrar de jeito nenhum
sobre eles? Acho que conheço alguma outra música deles... Só não consigo
dizer qual...

Sabia que se eu quisesse me dar bem logo com a Tainá teria que ser entre
uma música e outra pois parecia que ela estava vendo um disco voador pousar enquanto os caras tocavam. Resolvi fazer uma piada que sempre rola em shows. Quando o Campelo tava falando alguma coisa qualquer, berrei: "Filha da putaaaaaaaaaa!"

Pra que? Tainá e sua milícia hermanista me deram uma cutucada na costela
que me fez perder o ar! Pô, todo show rola isso! É quase uma tradição até!
E é só uma piada! Aí, esse pessoal leva tudo muito a sério! Caralho...
Pensei em pegar uma camisinha da minha carteira e fazer um balão e jogar
pra cima, como rola em todo show, pra mostrar pra Tainá que eu sou uma cara consciente, tipo: "Aí, Tainasão, se tu quiser, eu tô preparado!", mas
depois dessa vi que senso de humor não é o forte dessa galera...

O tempo tava passando e nada de eu pegar a minha nova amiguinha. Quando
fui tentar falar uma coisa no ouvido dela, foi o exato momento em que
começou uma outra música. Foi aí que a louca deu um grito e um pulão tão
altos que eu levei uma cabeçada violenta bem no meio do meu queixo! Ela não sentiu nada, óbvio, pois estava em transe hipnótico só por causa de uma canção sobre a beleza de ser palhaço ou lirismo do samba ou qualquer sacanagem do gênero. A porrada foi tão forte que eu mordi um pedaço da minha língua.
Minha boca encheu d?água e sangue na hora. Enquanto eu lutava pra não
desmaiar, instintivamente enfiei a manga da minha camisa na boca pra
estancar o sangue e não cuspir tudo em cima de Ana Claudia e Jandaína or
something. Só que estava tão tonto com a cabeçada que tive que me segurar
em uma ou outra pessoa pra não cair duro no chão. Foi quando ouvi: "Nossa,
que horror! Lança-perfume! Esse playboy tá doidão de lança! Que
decadência..." Lança-perfume? Cara, lógico que não! E mesmo que tivesse,
todo show tem isso! Mas nesse, não pode. É "do bem". É feio ter alguém
cheirando loló!! Pô, todo show que eu fui na vida tinha alguém movido a
clorofórmio. Que merda...

Babei na minha camisa até o ponto dela ficar ensopada! Fui ao banheiro
tentar me recuperar do cacete que tomei. Lavei o rosto e tirei a camisa.
Quando voltava passei por uma galera e ouvi resmungarem alguma coisa do
tipo: "...e esse mala aí sem camisa..." Porque não se pode tirar a camisa
num show? Isso aqui não é só uma apresentação de uma banda? Parecia que eu
ainda estava na Europa! Regulões do caralho... E, afinal, o que significa
"mala"?

Estava enxergando tudo embaçado e notei que minhas lentes de contato tinham saltado pra longe com a cabeça-ariete de Tainá e esmagadas por centenas de sandálias de dedo. Lembrei que sempre levo um par de lentes extras no bolso. É uma parada moderna que eu achei lá em Londres. Um estojo ultrafino com uma película de silicone transparente dentro que mantém as lentes umedecidas e prontas para uso. Abri o estojo e peguei cuidadosamente a película com as duas mãos e elevei-a contra a luz para conseguir achar as lentes. Estiquei os polegares e indicadores, encostando uns nos outros, para abrir a película entre esses dedos. Balançava o negócio levemente, de um lado para o outro, contra a pouca luz que vinha do palco para conseguir localizar as lentes. Não estava enxergando nada direito! Quando tava lá com as mãos pra cima, fazendo uma força do caralho pra achar a porra dessas lentes, um dos caras legais com nomes simples, me deu um puta safanão no ombro. É claro que o silicone voou longe também. Caralho, minhas lentes!

Custaram uma fortuna! Que filho da puta!

"Que sinal é esse que tu fazendo aí, meu irmão? Tá desrespeitando as
meninas?"
"Que sinal, que sinal?", respondi, assustado.
"Buceta, palhaço!", apertando o meu braço que nem um aparelho de pressão
desregulado. "Você tá no show do Los Hermanos, ouviu? Los Hermanos! Ninguém faz sinal de buceta em um show do Los Hermanos, sacou?", gritou o tal hipponga na minha cara. Que viado, eu não tava fazendo nada! Parece uma freira de colégio! Que lance é essa de buceta? Da onde esse prego tirou isso? As meninas... (Perái! Menina? A mais nova aí tem uns 25!) ficaram me olhando com a cara mais escrota do mundo! A essa altura, já tinha percebido que não ia agarrar a Tainá nem que eu fosse o próprio Caetano Veloso! "Bento", que nome mais ridículo...
Isso aqui é um show ou uma reunião de alguma seita messiânica escolhida
para repovoar a Terra?
Caralho, que noite infernal. T ava com a língua sangrando, sem enxergar
direito, só de calça, arrotando sem parar e puto da vida porque só tinha
aceitado vir aqui por causa de mulher. Estava no meu limite. Isso era um
show ou uma convenção do Santo Daime? Que patrulhamento! E, de repente,
vejo Tainá e seus amigos olhando pra mim atravessado e cantando a seguinte
frase: "Quem se atreve a me dizer do que é feito o samba?" Aí foi demais!
Aí, eu me atrevo: Ritmo, melodia e harmonia. Pronto, só isso! Mais nada!
Olha só: foda-se o samba, foda-se o circo, foda-se a obsessão por barba
da família Campelo e, principalmente, foda-se essa galera "do bem" que está aqui!" Apesar de tudo, a banda é realmente excelente! O que incomoda mesmo é esse público metido a politicamente correto e patrulhador e a imprensa que força a barra pra vender alguma imagem hipertrofiada do que rola de verdade. Esse climão de festival antigo de música popular brasileira, daqueles com imagens em preto e branco, com todo mundo participando, que volta e meia reprisam na tv. "Puxa vida, um novo movimento musical brasileiro?" "Estamos realmente resgatando a nossa cultura!" ? Ei, é só música pop!

MÚSICA POP! Caralho, finalmente lembrei! Eu conheço uma música deles! Ouvi
em Londres! Numa última tentativa de salvar meu filme com Tainá, na hora
do bis, berrei bem alto: "TOCA ANA JULIA!" Só acordei no hospital. Tomei
tanta porrada que vou ter que fazer uma plástica pra tirar as marcas de
pneu da minha cara! Fui pisoteado! Neguinho ficou puto! Qual é o problema
com essa música? Me lembro de estar sendo chutado pela elite dos estudantes universitários brasileiros e da própria Tainá, gritando e me dando um monte de bolsada na cabeça! Que porra louca! Tentaram me linchar! Ofendi todo mundo! Pô, Ana Julia é uma música boa sim! É um pop bem feito! Se não fosse, o "Seu Jorge" Harrison não teria gravado, né? Se ele não entende de música, quem entende? Me disseram depois que o tal Campelo se retirou do palco chorando, magoado, e o outro irmão mais novo dele, o nervosinho que imita o Paul McCartney, pulou do palco pra me chutar também. Do bem? Do bem é o cacete... Aí, sinceramente, ainda prefiro o Camisa de Vênus...

Felipe Lantimant

Diretor de Criação


Boas Razões Para o Suicídio

Vem comigo se jogar da ponte
Pois enquanto cairmos seremos felizes
Tão felizes, tão felizes, tão felizes
Que não nos preocuparemos com o céu ou com o inferno
Seremos tão felizes que céu e inferno nos esquecerão
Como as pessoas que nos cercam esqueceram

Vem comigo se enforcar em praça pública
Para, em nossa última alegre agonia
Sentirmos, numa ilusão mórbida,
Estar punindo os carrascos que na vida
Foram pais, colegas de escola, vizinhos e namoradas

Vem comigo e seremos felizes
Sem as acusações, sem as restrições
Sem as mágoas e solidão
Vem comigo e não sentiremos remorsos
Por não termos sido felizes.

Vem comigo se jogar da ponte
Quando chegar o final do delírio.



(Henrique Santos)
O poema que deu origem a música
Na próxima sexta, mais um Noite na Taverna!!!

Mal posso esperar para rever os amigos.

01 julho 2004

Imagine que um dia

Imagine que vivemos apenas para os afazeres cotidianos das obrigações impostas pelo tempo em que estamos: ganhar dinheiro, ter um emprego, família, carro, status...
Imagine que, no mundo, vários fazem o mesmo que você: estudam, procuram emprego, lêem, bebem, têm amigos...
Imagine agora que nem todos estão satisfeitos com o caminho que as coisas tomam. Sentem-se isolados por não saberem se há outros, iguais a eles, que percebem que há algo de errado.
Eis que, finalmente, chegam os "tavernistas", os "vagabundos sagrados" e os "filósofos do erro" com o seu "convite". Inconformados com "o andar da carruagem", com "a vida de aboio", os outrora isolados refugiam-se na arte e tomam com eles a pílula vermelha.
Despidos do véu de Mara (ou Maya), encontram a verdade do mundo: aridez e automatismo. Seria melhor continuar sonhando ???
Infelizmente, a organização e a ciência do Grande Opressor os impede de concretizar a libertação da massa e a recém adquirida percepção da realidade é inescapável. O máximo que conseguem, transitando entre os mundos simulacro e real, é encontrar novos companheiros na marcha contra a ilusão.
Aparecerá entre eles um dia, como numa profecia, alguém capaz de reestabelecer a paz na Terra aos seres de boa vontade. Alguém capaz de enfrentar o mundo simulacro e extrair dele o seu desejo, capaz de subverter suas regras.
No fim, apenas o equilíbrio que permitirá aos poetas viverem em paz com seus iguais, tentando fazer com que a luz do sol brilhe novamente sobre a Terra devastada.


Brazil home delivery apocalipse

Disco do Calipso bombando na banca pirata Playboy virou escolha do proleta E o picareta promovido a novo profeta Caiu na rede o selfie do se...