Intervalo do diabo, ou tonus diabolicus, é como os antigos monges chamavam esse simples intervalo conhecido como trítono. Na época da queda do Império Romano, quando os monges ficavam escondidos em seus refúgios nas montanhas (escapando dos bárbaros saqueadores), eles eram os únicos possuidores de cultura. Quando estudavam peças musicais deixadas pelos gregos e romanos, eles davam significados espirituais aos intervalos. O Ex. 1 (veja na revista) traz uma demonstração completa dos intervalos melódicos básicos criados a partir da tônica de uma escala de C maior e dos outros seis tons da escala (sete, incluindo a oitava). Esses intervalos podem também ser tocados harmonicamente, o que significa tocar ambas as notas simultaneamente, como mostrado no Ex. 2 (veja na revista).
Nós, guitarristas, muitas vezes tocamos a tônica e a quinta juntas (Ex. 3 - veja na revista), criando assim uma quinta justa, a base para power chords. Os monges também adoravam esse intervalo e pensavam que ele era sagrado. Ouça-o no Ex. 4 (veja na revista). Quando tocadas com um reverb cavernoso e alterações de volume em cada ataque, essas quintas paralelas com slides evocam o som do canto gregoriano.
Mas, quando os monges usavam a tônica com a quinta bemol, eles tinham um trítono (Ex. 5 - veja na revista), e eles o chamavam de tonus diabolicus, ou o intervalo do diabo. Por quê? Porque pensavam que ele conjurava o espírito do próprio Satanás, e nos tempos medievais o uso desse intervalo era proibido. Será que eles tinham medo do incrível poder sonoro deste intervalo? Como Jimmy Page e outros guitarristas influenciados pelo blues, usamos esse intervalo o tempo todo em nossa escala padrão de blues (Ex. 6 - veja a revista), que apresenta duas ocorrências da quinta bemol, Eb (ou, enarmonicamente falando, D#) – a nota que cria um trítono junto com a tônica, A. Uso trítonos em minha música Tonus Diabolicus, do meu álbum The Grip. – Lição narrada a Jude Gold.
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