21 maio 2006

I
Aprendi a querer muito mas esqueci que sou um só
Pra espantar a solidão vou comprando meus amigos
Eu preferia ter coragem pra mostrar tudo que sinto
Ao invés de ter no rosto um automático sorriso
A manhã nasce vermelha e estou cercado de pecados
lhe procuro e me confesso mas estou sempre mentindo
Eu me escondo sei que o mundo é maior que o meu umbigo
Ainda tenho a infantil pretensão de ser mais santo
Ao mesmo tempo em que procuro a malícia que me falta
Negando sempre em vão chorando a maldade em que me afogo


II

Posso ver muitos dos meus erros
Sei o que sou mas não me conheço
Desconheço quem sou e meus limites
Penso no boi e me reconheço
forte e mesmo assim sempre cercado
Eu pareço o boi aprisionado
Forma forte inútil resignada
que não é nada senão touro castrado
Eu posso ver muitos dos meus erros
tornei-me esboço de um poder que já não tenho
Sei o que sou mas quem sou eu desconheço
E na figura do boi me reconheço
Forma forte passiva e enclausurada
Eu não sei quem sou e lhe confesso
Sei apenas o que sou e não sei nada.


Henrique Santos

18 maio 2006

PSY TRANCE




Para quem gosta de psy trance a banda Infected Mushroom é a dica.
Adeptos da pista como altar do transe induzido pelo suor, eles são facilmente audíveis fora delas por não soarem repetitivos. Realmente uma boa pedida.



Veja quem também está dançando a música AQUI.

10 maio 2006

Inglória

Inglória é a vida, e inglório o conhecê-la.
Quantos, se pensam, não se reconhecem
Os que se conheceram!
A cada hora se muda não só a hora
Mas o que se crê nela, e a vida passa
Entre viver e ser.

Ricardo Reis

No final do dia
Estarás vivo
E poderás comemorar
tua despudorada covardia
Sem fogos de artifício

"Basta ser rebelde por dentro"
E, fingindo baixar os olhos,
Sobrevives
Dizendo sim
Balançando a cabeça para os lados

Não serás profeta
falso hipócrita
Não te alistarás em nenhum exército
Ou subirás em palanques
Por medo do erro

Permanecerás estátua
Enquanto jovens morrem em trincheiras
Queres ficar velho
E comemorar a falta de glória
Em estar vivo no final do dia


Henrique Santos

05 maio 2006



Análise Infeliz


Creio que a maior parte dos brasileiros recebeu a notícia da nacionalização do gás boliviano com espanto. Não estamos acostumados a ver, como víamos há mais de vinte anos, um movimento de defesa dos direitos nacionais na América do Sul que envolvesse militares sem constituir um golpe. Nosso nacionalismo sai da letargia e bradamos nos bares a necessidade de invadir a Bolívia e tomar o que é "nosso" porque a PETROBRÁS é "nossa". Mas a PETROBRÁS é uma empresa e, como tal, vai zelar pelos seus interesses, ainda que sob condições adversas, como rezam as boas leis do mercado. A Bolívia exigiu um direito "natural" e os investimentos que foram feitos lá deverão ser integralmente resgatados, ponto final.
Perde o Brasil com isto? Claro que perde. O realinhamento dos preços para níveis internacionais já é uma realidade. Os custos crescerão em vários setores que utilizam o insumo energético. O recálculo dos investimentos vai retrair certamente alguns novos postos de trabalho. Não teremos gás mais caro que o álcool mas devemos ter aumento para o consumidor final. O brasileiro perde mas ganhamos muito mais com a ferida exposta : percebemos fortemente que falta uma postura diplomática real de liderança do Brasil e falta um planejamento energético preventivo. Sentamos em nossas poltronas nos achando líderes enquanto Chavez sabota nossas chances de ampliar nosso comércio com os EUA via ALCA e amplia sua fonte de financiamento: A PDVSA. Esquecemos, e somos bons nisso, do "apagão de Fernando Henrique" e dos 12 anos de estagnação que fizeram o crescimento vegetativo da indústria ser tão pequeno e nos deu a aclamada "auto-suficiência" em petróleo. Os EUA não são auto-suficientes e não vi ninguém falar sobre isso.
Mas pior do que tudo isto é vermos agora uma série de jornalistas de economia dando pitaco como se fosse fácil conduzir algo diplomaticamente. Esse é o erro de Miriam Leitão principalmente. Como economista sua análise está longe de apresentar erro sobre os impactos da crise, mas sua leitura da postura do governo frente a crise é tosca e infantil a exemplo da análise que ela mesmo fez do governo Chavez (de quem não gosta publicamente) durante o golpe que o afastou durante dois dias. Neste episódio Miriam foi criticada duramente por Celso Amorim que apontou várias falhas em suas considerações em entrevista ao Bom Dia Brasil. O meu conselho a Miriam é que se ponha no lugar do policy maker e entenda o jogo de xadrez internacional como algo que se joga pensando nos próximos dois movimentos. Certamente não jogamos contra Evo, mas contra Chavez e Kirchner. É mais fácil apontar os problemas que "suas" sugestões causariam na política externa, claramente fragilizada. Sendo inteiramente racionais, não podemos simplesmente "bater de frente" com esse cavalo que pula um peão e come nossa torre. Admitir a perda dessa batalha nos fará pensar sobre a posição no mundo que negamos: a de alternativa para a América do Sul. E mais, nos permitirá pensar sobre o impacto real do que Chavez faz de fato, sem o ar arrogante, tão constante em Miriam e em Celso por exemplo. Vamos nos isolar ainda mais? Mudar de idéia sobre a ALCA?
Agora os brasileiros talvez pensem a respeito da questão internacional mais a fundo. Ou estamos com Chavez ou com os EUA tanto comercial quanto ideologicamente, sem meio termo como querem. A arte da guerra envolve dissimulação e realinhamento. Mas isso só vale depois que escolhermos se vamos jogar com as vermelhas azuis e brancas ou com as peças verdes e amarelas.

O autor deste blog em Carta a Globo.

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