05 julho 2011

DESABAFO POR OUTROS MEIOS




Queria não desejar tanto o que quero.
Queria ser mais calmo e não compassivo.
Queria ouvir o canto dos anjos e não o das sereias
Meu navio não tem mastros fortes
E não tive habilidade para evitar tempestades e rochedos

Mas eu sigo, desabafando por outros meios.
Se sou ou não medíocre ao escrever poemas
Ou ao entoar melodias pra encher a vida
Não me venham encher o saco
Pois eu não quero que me peguem pelo braço

O meu pecado é não ter aberto os olhos
Eu sei que não quero abrir os olhos
E ver que o barco está fazendo água agora
Logo agora, no melhor momento que inventei,

O meu pecado é a ilusão de pureza
É ter inventado um catecismo para a vida
É me arrepender de ter quebrado as regras
E ter realmente me apaixonado

Porque eu sei que o amor exige coragem
E eu, vil e ridículo, não confio em ninguém
Que monstro deixei entrar em meu quarto, Psiquê?

Há os que não estão preparados para o amor
E sinto a frialdade do mar exigindo
O sacrifício do tolo navegante mais uma vez

Minhas próximas metáforas serão com o ar
Estou farto de ter paciência

No próximo amor que me falte o pára-quedas
E numa morte rápida cesse o erro

Lágrimas afogam-me muito lentamente

3 comentários:

  1. Belissimo poema,lido juntamente
    aos olhos das nuvens gris,Chet Baker
    faz o clima,e este poema entra pela
    porta da frente da alma.

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  2. Lindo poema, Henrique!
    Li plenamente seu coração nestes versos. Me dói um pouco lê-lo. Mas amo sua "forma de dizer": polidíssima linguagem.

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  3. Tá mandando bem Macao. Vejo-te em cada poema que escreves. Acho a poesia o espelho da alma que não vemos. Espero que estajas crescendo junto com ela. Abraços do mano Tchaka

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