30 julho 2014

Stormed



Vivo o querer
ser
como todo mundo

Mas não

Vivo
O querer-ser
Como todo mundo

Talvez

Quero ser
viver o querer
querer-ser

Quero ser já
Quero ver já
Quero cer-ve-ja

Como
Todo mundo

Amém



Reclamo da ordem
Do conformismo
Do movimento retilíneo uniforme
Acelero quando dá na telha
Quando tô na pilha
Quando tem centelha
Quando xô pentelho
Quando chega Xangô

Minha lógica é a das massas
De ar
Fluida

Carregado de idéias
Que se precipitam
Tornado e granizo
Mas meu amor gosta de chuva?
Não reflito

Eu me precipito
Sem cogito
Ainda que sem êxito
Não hesito
Não exito

Quando estou assim
Stormed




É marte
No céu
Na boca
Ataca
Com
Ares
Dementes
Tudo
Que
Se
Mova
Que
Se foda
Tudo
É marte
É morte
Na luta
Contra
Tudo
Que não
concorde
Ou que
Com
Tudo
E contudo
Sobretudo
Concorda

Marte no céu
Melhor ficar mudo




Eu quero ser novo
Não quero ser jovem
De novo
Não quero o contrário
Quero ser procurado
Considerado bandido
Não
Operário
Quero a palavra nova
Novo por novo de novo
Não
Quero o contrário
Eu quero ser novo
Eu quero ser novo ser novo ser novo




Catapultado dos lençóis
Laçado pela manhã
E forçado a viver
em meio a gente tão diversa
E tão cheia de certezas,
suportando pretensas opiniões geniais
sobre o funcionamento de tudo,
preguiça mental,
puxa-sacos-péla-sacos,
mal-humorados-congênitos,
desfiles de moda da moda,
babacas infalíveis sorridentes
e recortes mal feitos da realidade,
péssimos poemas,
radiografias de universos-umbigo,
rebeldia hipócrita,
apatia covarde
e ignorância verborrágica
Eu,
pobre poeta safado e apedeuta sem títulos,
busco a redenção no abraço do filho
e distância da tristeza
antes que a noite me afogue
e me entregue aos vícios com os quais,
abraçado,
meus inimigos,
o medo, a raiva, o azar e a mágoa
se acostumaram a ver :

Alta noite, samba, piscadelas,
cerveja, o martini, o vinho, o licor, café,
pornografia, facebook, sites de solteiros
os filmes de guerra, Woody Allen,
violão, sexo selvagem, música,
como sobreviver ao meteoro na tevê a cabo,
mais pornografia, alguma literatura,
os poetas mortos, vídeo games e cigarros...cigarros...

Uma hora o sono chega
mesmo para teimosos como eu
que insistem em sonhar acordados

Não há transcendência
Imanência é o princípio da realidade
liberdade é pagar pra ver onde termina
Não há deus digno de meus joelhos
ou de meus salmos e orações.
Sou incapaz de aceitar a fé cega
que maquia tão bem as ovelhas
no espetáculo de marionetes.
Homens apegados ao dinheiro,
vício mais mortal que a cocaína,
querem ditar o que é o sucesso
e estampar a foto de empregado do mês.
FODAM-SE OVELHAS!
FODA-SE DEUS DINHEIRO!
Deixem-me ser insone!
Deixem-me querer o super-homem!
Eu quero a virtude tão natural quanto tornados
Catecismo dos vulcões e maremotos
Já exerço a caridade na minha diplomacia
A compaixão foi herança cristã mais que suficiente
Culpa?
Não me enfiem o dedo na cara ou no cu
Envelheci para ficar menos imbecil, bolas!
Abaixo ao capetalismo!
Abaixo a tirania!
Sigo tateando em busca dos limites
Imanência e liberdade se degladiam no peito
e, graças a Deus!, há mais cachaça
para eu poder dormir ao fazer o sonho se calar.

Os gritos de "louco" pouco incomodam.

Os sonhos existem para serem vividos
Os sonhos existem para serem vívidos
Sou irritantemente normal entre excêntricos
terrivelmente insuportável aos caretas
e convivo com ambos
na dupla função poeta-homem com cartão de ponto
Uma mesa, um computador
e outro/nenhum ponto de vista sobre a natureza humana.
não me resta muita coisa a fazer
a não ser servir como soldado exemplar
na marcha da fraternidade invisível
e inventar razões para fazer sorrir.
Eu me emociono com a beleza
vou tornar sublime esta existência anônima
e continuar sorrindo

Venham imbecis sem alma
artistas sem alma
políticos e trabalhadores sem alma
soldados e alunos do medo
hipócritas, histéricos e tiranos retardados!
Não vai ser hoje e não vai ser nunca!
Teimosos como eu sonham acordados
Há muitos outros sonhadores espalhados
esperando versos melhores
dias melhores
e versões melhores de um mundo responsável.

Busco o abraço do filho
distância segura dos inimigos
e a serenidade necessária
para sobreviver a mais um dia




Como somos insanos!
Criamos a nossa segurança
Negando o contato

E reproduzimos
a todo momento
a fuga

Reencenamos
O momento da ruptura

"Será possível reencarnarmos?"

Que dança sinistra é a mente!

É o caos
O acaso
O Sacro Império
e os assassinos
é A palavra
é o karma
A carne
A cama
e o dharma

Córneas oníricas sobre os meus devaneios
Um olho onipresente que não se fecha
O amor como um grande "sim"
Perspectiva e Retrospectiva
Mentempsicose
O Big Bang

escrevo sobre o que é estar vivo
Com a esperança arrogante de compreender possibilidades
A vaidade é uma ferramenta terrível do ego
escrevo cartas de um prisioneiro da existência

Sonho de telepatia

Boa música e verso
Sonho de telepatia
Felicidade no outro
Certeza de não estar só
Poemas e poemas e poemas e poemas
e boas fodas boas fodas e bodas

Como o intervalo de notas do compasso
Precisa do espaço de silêncio entre elas
Nos transmutamos para que haja melodia
E nos reencontramos num acorde

Emergimos do banho no Rio Lete
matar a sede só no Lago da Memória

Sonho de telepatia...........................................
Que dança sinistra é a mente?





I am stormed.

1.a : to blow with violence
b : to rain, hail, snow, or sleet vigorously
2
: to attack by storm
3
: to be in or to exhibit a violent passion : rage
4
: to rush about or move impetuously, violently, or angrily
transitive verb
: to attack, take, or win over by storm

27 julho 2014

23 julho 2014

Sorria?



Quem matou mais?
A Idade Mídia ou a Idade Média?
O povo?
Na mesma mérdia

Perna pra quem te vírus
Placas clamam por um sorriso editado
Chore
A realidade está sendo filmada

20 julho 2014

Blasée



Não busco a verdade sem sentido
Busco dar sentido a verdade que sinto
Sem querer fiéis alunos ou soldados
Pois sequer sou mestre do que é em mim
O querer de meu coração

Não subirei a montanha mais alta
A procura de ascetas ou de Zaratustra
Não me tornarei nunca um super-homem
Ou descerei com tábuas vomitando regras
Para querer ser Avatar de qualquer nação

Não me abalam as conspirações ou (des)governos
Não procuro a fórmula da Coca Cola
Ou o nome secreto de Deus nos átomos
A cura do câncer ou da calvície
Não me tornarão Barão ou mesmo herói

Não quero ser presidente ou herói de nada
Não legislo profetizo proíbo ou recomendo
O guardanapo manchado de gordura deste poema
Não guarda segredos ocultos da pedra filosofal
E não foi inspirado por anjos, caídos ou não.

O poema no guardanapo tem função e objetivo
Que não a de bálsamo ou de salva-vidas
Não é salmo ou filosofia ou canção
Nada tem a ver com minha insônia ou dor de dente
Ou com minhas esperanças e desilusões

Ainda que eu tenha subido ao palco
Que tenha rasgado o peito e mostrado as veias
E tenha gritado verdades que descobri anteontem
Conversei com poucos irmãos e abraçados choramos
A morte do inconformismo, o medo do medo da morte

"Não sou eu quem vai mudar o mundo"
É o novo mandamento universal, novo grilhão
É o fim de tudo, o buraco negro do inconsciente coletivo
E o mundo não muda mesmo e continua
Acreditando em lindas superstições estéreis

Adiarei meu suicídio com estas cartas
E nelas buscarei conforto por não ter me curvado
Ainda que o futuro me perverta o coração
Ou me seduza com seus irreality shows
Este guardanapo irá congelar esta emoção

O sol nasce no fim da Frei Caneca
As cadeiras estão viradas sobre as mesas
E eu com meu guardanapo-espelho fotografo
O movimento do mundo ensimesmado e blasée
Que não reconhece a importância de nada

Agora, no espaço final deste esboço,
Posso confessar meu único último desejo
Que desejei há menos de um minuto
Feliz... Porque talvez me tenham ouvido
Busco, em meu ofício desvairado, provocar.

16 julho 2014

Da Poesia


É legal colocar frases empilhadas em poemas

Poemas tiram o pó dos sentimentos há muito guardados
no escuro de todos os armários e fundos de gaveta

Mas não está no poema
Nem no nosso segredo 
a poesia

E embora até esteja no pôr do sol e lua
E na planta ou animal de tua estima
Não é o simples retrato pela palavra
Tampouco o teu relato sincero e inútil 
Da lua, das flores, dos teus sentimentos e pôr do sol
Que irão dar poesia às palavras no papel rabiscado 

O poeta procura a poesia e não o poema

Eis que se encontram
nos devolvem um bom verso

E,
 com sorte,
Algum segredo

13 julho 2014

Orações a vida e a morte II



Porque és incerta, ó morte,
A poesia não será tua consorte 
Em mim reside uma outra alternativa

Não tenho apego a essa realidade
Tolo querer que a minha personalidade
Após o derradeiro encontro sobreviva

Muito menos interessa-me outro plano
Não vejo utilidade ao ser humano 
Haver nos céus algo maior que nos defina

Erigir crenças baseadas em mistérios 
Por simples medo de habitar os cemitérios
Não será, morte, com certeza, minha sina 

Os meus poemas falarão de amor e vida
Como uma longa canção de despedida
De alguém que amou trilhar a travessia

Cantarei apenas meu aprendizado 
Até que nosso encontro consumado
Ofereça o fim a minha poesia

09 julho 2014

Orações a vida e a morte I



Permiti, ó vida, que eu aprenda amando
E siga no amor, verdadeiro caminho.
Quero estar aqui após meu passamento
No pensamento dos que deixei sorrindo.
E, aprendendo, acabe eu ensinando
E, amando, acabe eu recebendo
Do carinho, meu alento, seja eu fonte
Sabedoria me afaste do sofrimento
Quero partir com o doce sentimento
De que todos quanto amei estão sorrindo


06 julho 2014

02 julho 2014

Voto de silêncio



Poetar por aqui é proeza
Querem meu voto de silêncio
Em troca das bênçãos da realeza

Prefiro o tapa da realidade
O abraço sincero de amigos
Amor que beije com verdade

Boa dúvida que má certeza

Eu fiz meu voto de pobreza
Pois sei, não há maior riqueza
Que desfrutar da liberdade.

Poetar é pra quem preza
Pela liberta-ação da palavra
Blasfêmia-manifesto-reza

O poema vem e lavra
E despreza, como a larva,
A dureza e acidez do mundo


O poema te come por dentro

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