Esperava que o verbo o assaltasse
Mas se encontrava distraído sempre
A ponto de cruzar precipícios sem cuidado
Foi então que a queda o deixou mudo
E ao chocar-se com o tapete de veludo
Percebera que o verso o esnobava
Travestido então de falsa poesia
Decidiu emendar versos alheios
E os mandou todos à gazeta noutro dia
Aplaudido de pé na academia
Fez questão de fundar a própria escola
Seguiram-no alguns poucos trovadores
Em seu discurso traçou mil teorias
Mas depois de esvaziar as fantasias
Mudou a face para o tom vermelho
E salpicou de merda todo o júri
Palavreava qual sirene louca
E ninguém entendeu o que dizia:
“Eu sou um louco que batera co’a cabeça
Nenhuma linha do que escrevo há que mereça
Ser considerada como obra de poesia”
E o júri, pensando no teatro que se armava,
Inteligentemente arrependido,
Mesmo cagado até o pescoço o aplaudia.
(poema constante em A Dieta da Felicidade)
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