29 junho 2014

Poética




(a Chacal)



“─A palavra é a espada”

Diz a voz do trigo

Àquele que lavra a terra

Desconhecida da alma



Mas o destemido lavra-

dor dos mistérios dos sonhos

Lança um olhar a plantação

E diz, apontando a imensidão:

“─ O silêncio é a espada”



O trigo, confuso, calava

Deixando no ar o ritmo

Do vento e da foice daquele

Que incansável lavra a terra

Dos sentimentos interiores e

Da alma do mundo : o poeta.



Não mais a pá lavra o solo

O poema brota mudo e perfeito

No pedaço de terra menos esperado


E, diante de tão belos frutos,

Todas as vozes se calam

Tentando entender o novo verso.


Até que se ouve a voz do trigo a repetir:

“─ Isso é poesia. Isso é poesia.”

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