24 fevereiro 2007

Borat, Cartas de Iwo Jima, Dreamgirls e À Procura da Felicidade

Maratona de Cinema no Cinemark hoje.
Assisti aos quatro filmes do título sem parar desde 13:30h. Detalhe importante: só paguei uma entrada. Só vou contar pros amigos.
Cheguei em casa e, como sempre, briguei com meia dúzia de críticos pela internet. (Caraca, neguinho vai ao cinema e esquece de ler um livro! What a shame!)
Tinha que ter levado alguém comigo, é verdade. É isso que dá não ter encontrado nenhuma alma disposta a se alimentar de pipoca, Coca Cola e Milk Shake durante o dia todo.
Pretendia resenhá-los para vocês resumidamente mas prefiro avisar o que se pode esperar segundo minha própria classificação cinematográfica:


Borat! (Simples Comédia Britânica ou Monty Python Comedy Orphanage )

Principal motivo por que saí de casa, este filme é apenas um escracho total. Não vale a piada mesmo, Bardo.
Decepcionei-me ao ver que Sacha Baron Cohen (cujo melhor papel foi o de Rei dos Lêmures em Madagascar e o pior de Ali G) e seus produtores fugiram do potencial crítico que o filme poderia ter proporcionado. Tudo transcorre bem com o núcleo do roteiro, a idéia de documentário é boa, o personagem é genial mas infelizmente está tudo a serviço da mais pura e indizível bobagem.
Entendi que a crítica americana tivesse gostado do filme pela reflexão que o riso geralmente proporciona quando aponta para o espelho. Mas eu estava sendo apenas otimista pois BORAT! não passa de um amontoado de piadas cuja profundidade não é maior do que a proporcionada pelos shows de stand up comediants. Talvez convidem Pablo Francisco para fazer um próximo filme. Será melhor.
Se é engraçado? Se é escatológico?
Caraca, é engraçado e escatológico como todo simples filme do Monty Pithon. Eu ri para cacete. Mas não paguei para ver só ele, graças a Deus.
Concordo que se a trupe do Pânico na TV se reunisse conseguiria fazer algo parecido.

As Cartas de Iwo Jima (Drama de Guerra mal feito)

Confesso que estava sob o efeito da decepção com Borat! quando decidi entrar nesta sala e ver o filme. Não havia lido nada ainda sobre ele e apenas sabia que era a sua estréia. Mas, como o cinema é apenas uma experiência como outra qualquer graças aos Santos Lumière, sentei na poltrona e abracei mais esta experiência.
Já disse que não sabia nada do filme por isso observei-o como se fôra um filme japonês. É falado em japonês, os atores japoneses e a temática centrada no Japão.
Filmão de Guerra não era. Eu sou um fã dos filmes americanos sobre a guerra. Hamburguer Hill, Platoon, Dias de Glória, Dirty Dozen, Band of Brothers e por aí vai. O filme era um drama. A estética e a fotografia eram belíssimas e os personagens cativantes ao extremo. Como achava japonês, fui dando o desconto de minha adaptação cultural tentando buscar traços da filmografia conhecida em Kurosawa. Mas passava longe disso também.
Pois bem, acabou o filme, confesso que não aprendi muita coisa e tudo ia bem...
Quando os créditos subiram com o nome do Clint Eastwood... caiu a ficha. Por isso os americanos são a civilização "boa" do filme.
Eu estava achando estranha a ótica do filme sobre o exército japonês e mesmo sobre o comportamento dos próprios japoneses. Não estou tentando bancar o experto analista mas... O filme é americano demais porra!
Desculpa Clint, mas não achei a visão exposta legal. Se eu não tivesse a mania de ler os créditos sairia do cinema achando uma coisa bem diferente: seria apenas um drama de guerra japonês estranho. Como foi feito por um americano : Drama de guerra mal feito. E não, eu não quero ver o filme antípoda deste último pelo menos por enquanto.

Dreamgirls - (Filme para menininhas)

Esse aqui só vale como intervalo para narrar minha aventura de seis horas e meia de cinema ininterrupto mesmo.
Entrei na sala esperando por nada. Acabara de comprar pipoca e Coca-Cola novamente para refazer as energias. Ninguém impede um cara vestido de bermuda e barba mal feita com um metro e noventa de transitar entre as salas. Entrei esperando pelo pior. O cinema lotado de adolescentes e, pasmem, suas mamães. A porta foi aberta pois tinha dado algum problema na projeção e o filme fôra interrompido. Entrei e só vi o terço final. Graças a São Chaplin!!!
Resumão do breguete: Musical da Beyonceé (é assim que se escreve?).
Campeão para o Oscar? Fala sério!
É um musical. E como não tocou Cephalic Carnage imaginem a minha cara tendo de encarar aquela merda.
Conselho: Não vá ver. Não pegue na locadora. Não diga que eu não avisei. Não me diga que gostou. O.K.?

À Procura da Felicidade - (Fábula Moderna) *****(era pra ser estrela e não asterisco!)

Esta foi a película que salvou este dia inglório.
Não irá agradar aos pessimistas nem tampouco agradará aos que odeiam verter lágrimas. É uma história de vencedor e não a de um herói. Não se trata de alguém imbuído de sentimentos altruístas ou da biografia de um líder. É a história de um miserável corretor da bolsa quando ele era miserável.
Bem dirigido, com ritmo, com humor, com drama sem tragédia, leve e contínuo, de valor universal, o filme transforma um livro de auto-ajuda em uma obra de arte a serviço de uma mensagem otimista. Os italianos ruleiam!
Eu duvido que um pai não chore ao ver esse filme.
Bem, eu chorei até no final do desenho Carros
Mas isto não conta aqui, ok?
O filme é uma receita de como se pega uma história que pode parecer extremamente americana e que pode descambar facilmente para um dramalhão manipulativo "baseado em fatos reais" e se transforma "isso" numa Fábula Moderna sobre o poder da determinação de um homem e o amor de um pai.
Eu dou o Oscar de melhor roteiro adaptado e produção sem medo. Não esquecerei nunca dele.

Merece o destaque:

23 fevereiro 2007

E lá estava eu ...

Jogando feliz da vida o Fifa soccer '07 quando uma certa batida peculiar vem a meus ouvidos.
Era o Seu Jorge meus amigos. Trilha sonora do jogo.
O cara está simplesmente ruleando lá fora.
Lá vai a capa do Disco escolhido. Música: Tive razão.


Esse filme eu não vou perder

18 fevereiro 2007



Meu mundo caiu ou só ficou offline?

Meu PC foi pro saco.
Sem alternativas para evitar o convívio com o mundo exterior fui obrigado a romper os umbrais de meu quarto e retomar a antiga arte de organizar as coisas reais, ainda não digitalizadas, que povoam o universo a nossa volta. Pensei em dedicar o tempo que me fôra dado pela ausência do computador ao estudo da música ou a leitura de um bom livro. Quem sabe iria mais à praia, viajaria...
Todos os devaneios interrompidos por aquela mãozinha batendo em meu peito acabando com o cochilo no sofá :
- Pô, pai. Não consigo ligar o jogo do carrinho. Quero ir ao shopping. O cachorro fugiu.
Sim, era ele, o protótipo do Pinball Wizard querendo diversão.
A torneira da pia estava pingando, a parede clamava por pintura e havia duzentas coisas precisando de reparos mas, era meu filho que me chamava. Só assim eu teria uma justificativa nobre para evitar o trabalho braçal doméstico.
Saiba que eu sempre achei que tiraria de letra esse lance de ser pai. Sabe os manuais que mencionei sobre criar crianças? Se você seguir a maior parte do que dizem para você fazer com elas certamente vai dar tudo certo. Tenho pelo menos uns quatro em casa. Eles só esquecem de dizer uma coisa muito difícil para os pais: O que eles têm que fazer com eles mesmos. Daí, obtemos estantes lotadas de manuais em várias línguas que não resolvem nada. Cuidar de crianças é um problema internacional. Principalmente das mais levadas e elétricas.
Houve recentemente uma campanha com o intuito de distribuir Ritalina às crianças consideradas hiperativas e com déficit de atenção. Fiquei assustado com esta perspectiva e seus possíveis desdobramentos. Seria o fim das crianças bagunceiras? O diagnóstico seria feito pelos professores e pais em conjunto com psicólogos. Cara, e se o problema da criança for pais hipoativos. Quem vai fazer este diagnóstico? Criar um vegetalzinho viciado em neurolépticos é mais fácil que dar atenção a seu filho. A maior parte do déficit de atenção não é dos filhos, é dos pais para com eles. Mais uma vez corporações se movem para utilizar esta questão universal a favor do lucro. Tsc, tsc...
Vem aquele bracinho batendo no ombro:
- Pai! Pô, pai, vamos no parque!
Melhor calar os devaneios, levantar do sofá e lavar a cara.
Pois bem, abracei esta minha nova missão de estreitar os laços com meu filho.
Nunca fui tanto ao cinema, comprei tantos Mc's Lanches Felizes, joguei fliperama e aluguei tantos desenhos. Crianças pedem tudo a todo momento e você ainda espera aquela gratidão quando dá uma das sessenta coisas que ela pediu? Ledo engano. Você vai se prometer não sair mais com ele depois da milésima pirraça. Vai descobrir que não são só os pais que não ouvem seus filhos depois de pedir ou explicar a ele algo por mais de cinco vezes. Vai ser doloroso levar porrada no saco no futebol, martelada de Chapolin ou ter que assistir Jackie Chan trinta vezes.
Mas há uma recompensa sem par: Descobrir que você ama o sorriso de uma criança.
E assim, sem o computador, pude ser feliz dando atenção e amor à família. Sabia que isso ficaria marcado para sempre no nosso coração e que nada poderia suplantar esses momentos que tivemos um com o outro.
Lá vem o braço de novo...
- Pô, pai, mais de uma semana sem o jogo do carro. Conserta isso logo.
E, para o bem de todos, o cara que me vendeu o PC apareceu no dia seguinte.


Sou fã dos quadrinhos de Sandman mas só vi este filme hoje.
A arte de Dave McKean é impressionante e a história nos remete a um universo fantástico que sintetiza com perfeição o imaginário dos autores.
Com roteiro de Neil Gaiman e produção da Henson Company, a mesma dos muppets, recomendo este filme aos que crêem que se pode fazer com que as coisas aconteçam na forma em que as queremos. As entrevistas do making off são um espetáculo a parte.
Fãs de quadrinhos e cinema não devem perder a chance dessa experiência.

05 fevereiro 2007

Comunicado importante

Interrompemos a série em que minha desventura se transformou para prestar justa homenagem ao talento de Alexandre Soares Silva neste post de 1 de fevereiro e dar a este blogueiro tempo para burilar seu imperfeito senso literário.

Com vocês, Abílio Diniz, o filósofo.


Da Wikipedia:

Abílio Diniz (São Paulo, Brasil, 1936), filósofo brasileiro conhecido por afirmações como "qualidade de vida exige método e disciplina" e "não adianta guardar ressentimento. É bola pra frente e vamos que vamos". Estudou em Heidelberg sob a tutela do grande filósofo neotomista Jacques Maritain, que teria ficado impressionado com a afirmação casual de seu aluno de que "a natação é o esporte mais completo" e "quem fica parado é poste". Diniz recusou a cadeira de filosofia em Heildelberg alegando que "não conseguia ficar parado" e abriu uma rede de mercearias no Brasil para sobreviver. "A filosofia já não me apresentava nenhum desafio, e sou um homem movido exclusivamente à base de desafios" (Diniz, "Recordações de Maritain e Etienne Gilson", 1974). Só voltou à filosofia em 2004, com "Caminhos e Escolhas - O Equilíbrio para uma Vida Mais Feliz" (considerado por Nuno Cobra como o "Tractatus Logico-Philosophicus brasileiro"). Teve grande influência em Quine, Rorty e Habermas. Habermas afirmou no seu livro Theorie des kommunikativen Handelns que "a filosofia nunca mais foi a mesma depois do insight de Abílio Diniz de que "quem fica parado é poste". Esse terrível aforisma ecoa no pensamento europeu com a mesma intensidade fatídica do "Deus está morto" nietzscheano". (Ao ouvir a frase de Nietzsche, aparentemente pela primeira vez, o neotomista brasileiro teria dito, "Ô, que coisa, que é isso" - o que fez com que Habermas replicasse: "Que fofo!". Ver Dennet, Daniel, "Great Philosophical Conversations of Our Times").
Citações


* "O homem é o lobo do homem", quer dizer, tem muita gente querendo fazer treta por aí. Olho vivo nesse pessoal. ("Hobbes para Gerentes", Capítulo V.)

* Quando a gente olha pro abismo, o abismo às vezes olha pra você e fica aquele clima ruim. Não olha pro abismo não.

* Os grandes maitres à penser Jacques Maritain e Nuno Cobra foram as influências intelectuais da minha vida - com o Dráuzio Varella, Içami Tiba e o Dr. Ermírio chegando perto. Aquela menina, a Luciana Gimenez, também é mais inteligente do que parece. (...) Acho que todo mundo tem alguma coisa pra nos ensinar nesta vida, menos a Angélica e o Luciano Huck. (da série "Palestras em Powerpoint".)

* Eu não costumo falar com faxineiros porque esse pessoal todo é muito chucro, mas talvez devesse porque às vezes essa gente diz umas coisas que você fica até bobo. Estava falando com a Dona Magali, que é a caixa numa das nossas unidades aqui da Mooca, e ela dizendo que foi baleada por traficante, destruíram o barracão dela. (...) E eu perguntei se ela não tinha raiva, e ela disse: "Ah, Dr. Diniz, eu acho que a melhor vingança é viver bem, né?". E ripa na xulipa! Foi uma lição de vida que aquela mulher burra de doer acabou me dando.

* Muitas pessoas ficam obcecadas em atingir um padrão de beleza imposto pela mídia. O importante é a gente estar bem com a gente mesmo.

* Vais ver as mulheres? Ah, que bom, faz bem.

* Então eu digo pra vocês: eu fiz Heidelberg, mas o que eu queria fazer mesmo era a escola da vida. Então eu larguei Heidelberg e fui fazer a escola da vida. Fui procurar o Dr. Antônio Ermírio que pra mim era o mestre disso tudo aí (da escola da vida). Ele me recebeu numa saleta e perguntou: "Abílio, você consegue quebrar isso?". E me deu um lápis, que eu quebrei. "Agora vê se você consegue quebrar isso", ele disse, e me deu uns quinze lápis, com aquele sorriso sabido dele. E eu fiquei com vergonha de dizer pra ele que aquele truque era muito manjado. Então a primeira coisa que eu queria passar pra vocês é isso, que velho só fala merda.

* Nietzsche disse "Aquilo que não me mata, só me fortalece". Mas nós do Pão de Açúcar resolvemos tirar isso à prova. Então um belo dia fechamos o supermercado e começamos a ver quantas coisas nem matavam nem fortaleciam. (...) Nenhum produto do setor de papelaria matava ou fortalecia, com exceção da tesoura e da cola, que podiam matar mas também não fortaleciam. Durex não mata nem fortalece, papel timbrado Tilibra não mata nem fortalece. É difícil matar com uma régua... (...) No setor de produtos de limpeza, fizemos um vendedor beber meio litro de pinho sol mas ele não morreu nem ficou mais forte (muito pelo contrário, até hoje não está muito bem). Essa frase do Nietzsche só se aplica ao setor de hortifrutigranjeiros e laticínios, e mais uns poucos produtos, do tipo bolacha Calipso. Então essa é a segunda coisa que eu queria passar pra vocês, que Nietzsche só fala merda.

03 fevereiro 2007



Meu Mundo Caiu ou só ficou offline? (Parte II)

Meu PC foi pro saco.
Agora, diante de um problema cuja a solução imediata me fôra tirada devido a infelicidade de minha condição latino americana de rapaz sem dinheiro no banco, tive de repensar toda a rotina de meu ócio durante as férias.
Não desisti em nenhum momento de consertar meu computador mas, com a incapacidade dos técnicos em me convencerem do problema, decidi não mexer na máquina até arranjar grana o suficiente para eventuais upgrades ou até conseguir falar com o "pai" da máquina : O cara da loja que montou o computador, minha maior esperança.
Infelizmente, as duas soluções demandavam tempo. Tempo que eu teria que rearranjar. Não iria mais humilhar ninguém no Need for Speed ou mesmo acabar aquela campanha de Tomb Raider. Então, que iria fazer com meu tempo livre?... Passear?! Agora eu teria tempo. Tempo que eu queria para fazer coisas que gosto de fazer sem o computador como ir à praia ou à casa de amigos. Mas, ... alto lá! Tempo que uma mãozinha puxando a parte inferior de minha camisa queria para si: "Não tem mais joguinho, pai? Aluga Stuart Little pra vermos juntos(que ele só viu 58 vezes neste dois meses)" Tempo que alguém segurando um bebê queria para si:"Vamos ter que visitar meus irmãos; você vai me ajudar a escolher os pingüins da geladeira NOVA(?!); nada de noitada durante as férias sem mim, viu?; blá, blá, grrr, blá, blá, blá, smack, hunnn!, gostou do shortinho?....."
É amigo, não seria mole não. Assim como o meu tempo havia ficado maior sem a presença de meu fiel companheiro cibernético, assim também ficou o tempo de meus íntimos convivas.
Minha mulher ficara órfã de informação com qualidade maior do que a da tevê aberta e não poderia se comunicar via e-mail sem ir a uma Lan House. Ficou extremamente contrariada ao acordar para o fato de que não tínhamos tevê por assinatura e que nossas fotos estavam seqüestradas pelo obsoleto mostrengo.
Meu filho de seis anos e meio completos era o mais afetado. Eu havia criado um verdadeiro monstro, um protótipo de Pinball Wizard, completamente à vontade com o acesso aos jogos on-line e hábil em jogos mais complexos como Crash Bandicoot ou mesmo em Need for Speed, que ele dirige na visão em primeira pessoa. Com seis anos ficar sem um brinquedo não é problema, é só brincar com outra coisa. Quem sabe até com o pai.
Pois bem, ele foi o primeiro com quem eu quis estreitar os laços.
Ser pai é uma coisa engraçada, tenho que confessar-lhes. Crianças, ao contrário do que preconizam algumas mães relapsas, vêm com manual de instruções sim. Se você sabe ler vai ver estantes lotadas com milhares deles. Então, por quê dá errado?
Só lendo a continuação pra saber.

PS> Gostou da imagem? Clique nela e veja pessoas que tiveram o mesmo problema que eu. Mas não a mesma presença de espírito.

Brazil home delivery apocalipse

Disco do Calipso bombando na banca pirata Playboy virou escolha do proleta E o picareta promovido a novo profeta Caiu na rede o selfie do se...