Antigos senhores da Babilônia
Em uma época sem imprensa
Fizeram sem licitação
(algo que hoje se dispensa)
uma torre que de tão imensa
alcançaria o firmamento.
Assim, em seu pensamento,
Deus seria destronado
Mas como o Senhor é malaco
Pôs uma língua na boca do povo
E aí formou-se o barraco
Rolou tumulto, ninguém se entendia
Todo mundo dispersou
Foi gente pra todo lado
Por fim, a torre ruía
Hoje senhores do mundo
Constroem seu paraíso de riqueza
Achando que a plebe nunca pensa.
Agora eles têm imprensa
Que beleza!
Tem grossos livros psicografados
e atribuem ao Senhor a autoria
Pois não sabem que Deus malaco
Odeia essa putaria?
Vamos ver a língua do povo
Falar uma só oração
Tornar vísivel a mão do mercado
A cara e nome de seus donos
a sua real intenção.
As praças de guerra na esquina
Não contra a cocaína
Mas contra a corrupção
Irão matar algumas flores
Mas o povo unido pensa
O crime não compensa
Não seremos escravizados
Não adianta a imprensa
Nem burguesia medrosa
Explodirá por todos os lados
No sofá, na rua, na escola
Onde o governo dá esmola
Onde ninguém dá bola
Na favela, no lixão
Destronaremos esses senhores
E quando acabar a revolução
Mais uma vez, por Deus,
Cairão por terra as torres.
E as praças voltarão a ter flores