31 março 2004



Procura da Poesia

Não faças versos sobre acontecimentos.
Não há criação nem morte perante a poesia.
Diante dela, a vida é um sol estático,
não aquece nem ilumina.
As afinidades, os aniversários, os incidentes pessoais não contam.

Não faças poesia com o corpo,
esse excelente, completo e confortável corpo, tão infenso à efusão lírica.
Tua gota de bile, tua careta de gozo ou de dor no escuro
são indiferentes.
Nem me reveles teus sentimentos,
que se prevalecem do equívoco e tentam a longa viagem.
O que pensas e sentes, isso ainda não é poesia.

Não cantes tua cidade, deixa-a em paz.
O canto não é o movimento das máquinas nem o segredo das casas.
Não é música ouvida de passagem; rumor do mar junto à linha de espuma.

O canto não é a natureza
nem os homens em sociedade.
Para ele, chuva e noite, fadiga e esperança nada significam.
A poesia (não tires poesia das coisas)
elide sujeito e objeto.

Não dramatizes, não invoques,
não indagues. Não percas tempo em mentir.
Não te aborreças.
Teu iate de marfim, teu sapato de diamante,
vossas mazurcas e abusões, vossos esqueletos de família
desaparecem na curva do tempo, é algo imprestável.

Não recomponhas
tua sepultada e merencória infância.
Não osciles entre o espelho e a
memória em dissipação.
Que se dissipou, não era poesia.
Que se partiu, cristal não era.

Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.

Convive com teus poemas, antes de escrevê-los.
Tem paciência, se obscuros. Calma, se te provocam.
Espera que cada um se realize e consume
com seu poder de palavra
e seu poder de silêncio.
Não forces o poema a desprender-se do limbo.
Não colhas no chão o poema que se perdeu.
Não adules o poema. Aceita-o
como ele aceitará sua forma definitiva e concentrada
no espaço.

Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada uma tem mil faces secretas sob a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta,
pobre ou terrível, que lhe deres:
Trouxeste a chave?

Repara:
ermas de melodia e conceito
elas se refugiaram na noite, as palavras.
ainda úmidas e impregnadas de sono,
rolam num rio difícil e se transformam em desprezo.

Carlos Drummond de Andrade

28 março 2004

What happened???

Comecei a desvendar o belo mundo dos poemas de Florbela Espanca. Sinto-me impressionado com a similitude de alguns pontos de vista que a poetisa faz do que é o fazer poético com aquilo que realizo. Estou apaixonado mesmo.

Não... eu não quero ver A Paixão de Cristo como podem pensar pelo post anterior a este. Achei que análise de Diana como introdução ao artigo foi ótima, bem redigida e embasada por uma leitura prévia fundamentada. Além do mais, algumas pessoas morreram de ataque cardíaco vendo o filme... Melhor não arriscar.

Baixei o duelo final de "Crossroads". Pra quem nunca viu o filme, em uma de suas milhões de reprises na Sessão da Tarde, eu explico.
Aqui no Brasil ele passou com o nome de "A Encruzilhada" e é estrelado pelo eterno Daniel Sam, Ralph Macchio. Macchio é um estudante de música que quer tocar blues e parte numa viagem em busca da música perdida de Robert Johnson (eu acho que é do Robert) abandonando o virtuosismo do clássico. Ele cola com um malandro que diz ter sido da banda do Robert e viajam juntos até um lugar que não existe : "A Encruzilhada". Lá, o malandro deve acertar as contas com o caramulhão. Macchio está vendido... não sabe de nada até que chegam no tal lugar. Para salvar suas almas Macchio desafia o campeão do demo... Steve Vai!!!!! E ganha a melhor cena de desafio do cinema!!!!
O filme tem outras ótimas cenas : O barulho do trem e a explicação para as lamúrias do Blues. A briga no Inferninho e o show de gaita... Filmão até para quem não gosta de blues.




Vaidade



Sonho que sou a Poetisa eleita,
Aquela que diz tudo e tudo sabe,
Que tem a inspiração pura e perfeita,
Que reúne num verso a imensidade!

Sonho que um verso meu tem claridade
Para encher todo mundo! E que deleita
Mesmo aqueles que morrem de saudade!
Mesmo os de alma profunda e insatisfeita!

Sonho que sou Alguém cá neste mundo...
Aquela de saber vasto e profundo,
Aos pés de quem a terra anda curvada!

E quando mais no céu eu vou sonhando,
E quando mais no alto ando voando,
Acordo do meu sonho... E não sou nada!...

Florbela Espanca

24 março 2004

Análise de Diana Pichinine sobre o Filme de Mel Gibson

Sem desejar ferir quaisquer suscetibilidades, honestamente, gostaria de repassar a vocês uma inteligente e arguta análise do engôdo cinematográfico de Mel Gibson chamado "Paixão de Cristo", que já levou milhões de norte-americanos ao cinema e, infelizmente, promete fazer o mesmo sucesso aqui em terra brasilis, haja visto o parecer da CNBB saído no final da semana passada, segundo o qual o filme é um relato histórico indiscutível, tradução literal das páginas dos evangelhos... O sociólogo salienta o esperado sucesso do filme junto a um certo público cristão, e analisa o perigo aí presente de vivermos uma nova onda de histeria religiosa e falseamento das histórias do judaísmo e do cristianismo.
Qualquer discussão sobre esse tema que passe por cima da evidência histórica da morte de Cristo pelos romanos e não pelos judeus, como faz crer o filme (não que o lobby judeu norte-americano, superinfluente na vida pública daquele país e no mundo de um modo geral, precise ser defendido. Muito pelo contrário! Mas, será que andaram esquecendo o que as iniciais INRI sobre a cruz representam? Então recordemos: Jesus de Nazaré, rei dos judeus), revela-se como uma espécie de maniqueísmo religioso, propaganda com "p" maiúsculo do fundamentalismo cristão norte-americano, e o pior de tudo, nada de cinema, já que, segundo todos os críticos que já tive a oportunidade de ler até agora, passando pelos mais diferentes perfis, o "espetáculo" de Gibson envernizado pelas falas em aramaico, latim e hebreu não passa de um entretenimento sangüinolento (sádico ou masoquista, dependendo do ponto-de-vista do espectador) que coloca no chinelo e torna pueril qualquer dos filmes protagonizados por Jason ou Freddy Krueger.
Que mundo louco o nosso! Enquanto na antigüidade os romanos matavam judeus e cristãos crucificando-os ou jogando-os à cova dos leões, e os cristãos, por sua vez, através das Cruzadas, do Tribunal da Santa Inquisição e da colonização das Américas, trataram de fazer uma faxina étnica (pseudo-religiosa) mundo afora, o século XX viu o nazi-fascismo exterminar judeus, homossexuais, comunistas e não-arianos em geral em nome do III Reich, e hoje, num cenário já nem um pouco tranqüilo levando-se em consideração os conflitos vividos no Afeganistão, Paquistão, Iraque, Espanha e Kosovo, vemos alguns cristãos fundamentalistas tentarem iniciar um novo surto de histeria religiosa incensando o ódio aos judeus por terem sido os "verdadeiros assassinos de Cristo"...
Quando é que vamos aprender a reconhecer nossos verdadeiros inimigos que, de um modo geral, nada têm a ver com identidades religiosas? Os judeus não são os maiores inimigos dos cristãos nesse momento histórico, mas dos palestinos, e a luta ali não é religiosa, como pode parecer aos incautos, mas pelo domínio político e militar de um território. O apoio incondicional, econômico e militar, dos Estados Unidos a Israel como forma de manter o "equilíbrio" no Oriente Médio e a invasão do Iraque sob a desculpa de encobrir o Talibã e possuir armas de destruição em massa são provas disso!
É preciso lembrar com Marx que a religião apartada do crivo da razão pode atuar como um elemento ideológico potente e estratégico de falseamento da relidade histórica, capaz de atuar como uma cortina de fumaça dos reais interesses (leia-se interesses materiais e políticos) em jogo. Para dar o que de melhor pode oferecer ao homem é necessário que a crença, caso sinta-se-a como necessária, jamais se confunda com a negação da razão e da história, como já dizia S. Tomás de Aquino (e certamente defendem todos os religiosos lúcidos). Por baixo dessas inúmeras e falsas "guerras religiosas" encontra-se um mesmo protagonista e a tarefa é identificá-lo (quem arrisca?). Por isso mesmo me parece que a leitura é esclarecedora e interessa a todos.
Bjs,
Diana
São Paulo, domingo, 21 de março de 2004




+ cinema


"A Paixão de Cristo" repropõe a imagem dos judeus e dos Evangelhos que os cristãos construíram para si no processo de se tornarem religião dominante

A recriação de uma mitologia
Gabriel Bolaffi
especial para a Folha

Quando eu era menino, com seis anos de idade, em 1940, um vizinho coetâneo me perguntou: "Por que você matou Cristo?". Ele era filho de uma família educada, com o qual eu brincava todos os dias. O episódio nunca mais me saiu da mente, ainda que demorasse para que eu me desse conta de quanto era significativo. A verdade é que, até o início dos anos 1960, quando, por razões que tentarei apontar mais adiante, as coisas começariam a mudar, as relações entre cristãos e judeus sempre foram as piores possíveis. Para constatar a atitude dos primeiros com relação aos últimos, basta consultar qualquer dicionário da língua portuguesa ou de qualquer outra. Quanto aos judeus, sempre se referiram pejorativamente aos "não-judeus", chamando-os de "goy", "arel", "sheiquez" (gentios e não-circuncisos) e outros pejorativos. O antagonismo e mesmo o ódio entre os dois grupos são históricos, datando desde os primeiros séculos da era cristã até o passado muito recente. Aliás, qualquer pessoa razoavelmente informada da minha geração sabe disso muito bem, e não deveriam ser necessárias mais explicações, não fosse pelo tolo esforço revisionista de tantos historiadores ou funcionários deste ou daquele lobby. Mas, como a onda revisionista é tão avassaladora, lembremos os eventos e os fatos principais.

Dissidência
Como afirma Léon Poliakóv, na sua memorável "História do Anti-Semitismo" (ed. Perspectiva, 1978, quatro volumes), ainda no final do primeiro século da era cristã o cristianismo começaria a se propagar como uma dissidência do judaísmo. A princípio uma dissidência muito tênue. Como diria o apóstolo Paulo: "Com os judeus, procedi como judeu...; com aqueles que estão sem lei, (procedi) a fim de ganhar os que estão sem lei. Eu era fraco para com os fracos, a fim de ganhar os fracos" ("Primeira Epístola aos Coríntios", apud Poliakóv, op. cit.). A princípio, o proselitismo cristão se daria principalmente entre as colônias judaicas da diáspora, mas logo se estenderia aos gentios. Ora, diz Poliakóv, "judeus e cristãos reivindicam ambos o deus de Abraão, pretendendo ambos ser fiéis de suas vontades, venerando ambos o mesmo livro sagrado, mas cada um interpretando-o à sua maneira. Acrescentemos que as autoridades romanas parecem não ter feito, no início, muita distinção entre uns e outros (os textos romanos mais antigos os confundem pura e simplesmente). Poucas vezes se viu um estado de coisas tão propício para suscitar animosidades irredutíveis" (Op. cit., vol. 1, "De Cristo aos Judeus da Corte", pág. 17). Em síntese, as duas religiões, à medida que se propagavam pelas margens do Mediterrâneo, se tornaram rivais, competindo acirradamente pelos novos prosélitos. Dessa competição e da posterior supremacia cristã, posto que durante vários séculos o judaísmo continuou a ser visto como uma crença rival, resultariam o ódio, o anti-semitismo e a acusação feita aos judeus de terem sido "deicidas". Poliakóv está muito bem documentado e, como ele mesmo afirma, nesse contexto, qualquer discussão sobre a "historicidade" dos Evangelhos se torna irrelevante. Em seu filme tão controvertido, Mel Gibson nada mais fez do que retratar a imagem dos judeus e dos Evangelhos que, certa ou errada, os cristãos sempre construíram para si próprios no processo de se tornarem religião dominante na Europa e mesmo depois disso. Aliás, tudo indica que ele retratou a imagem que recebeu da sua família e que sempre teve desde a sua infância. Não é por outra razão que seu filme está sendo tão bem-sucedido entre a audiência de seu país, em que pese toda a controvérsia. Já não se vê o filme com a animosidade de antanho, mas se reconhece nele o que sempre se aprendeu. Nisso tudo, o mais surpreendente é a reação de diversos establishments. Como se alguma das suas lideranças tivesse esquecido um passado tão recente, como se jamais tivessem visto uma "malhação de judas" ou seus equivalentes de outros países. É verdade que as coisas mudaram. A Segunda Guerra Mundial, o Holocausto, a imigração de judeus para os EUA e sua rápida ascensão social e intelectual, a secularização do mundo europeu, tudo isso e eventos correlatos contribuíram para uma forte mitigação do "ódio antico" (cfe. Cesare Mannucci, Mondadori, Milão, 1993). Na verdade, já não persiste o antigo ódio. Mel Gibson, ao soprar as brasas que restaram, mostra apenas que é um oportunista maligno e insensato.

Gama variada
Mas não serão oportunistas todas as hierarquias de cultos fundamentalistas, que insistem em fazer de conta que a humanidade ainda não passou pelo Iluminismo e pela "idade da razão"? George W. Bush? Os neo-evangélicos do nosso pobre Brasil? Osama bin Laden? As direitas religiosas de tantos países? Ou tantos outros, iguais a Mel Gibson, que andam por aí?
Quanto aos aspectos cinematográficos do filme, ainda que não sejam objeto desse texto, não posso deixar de registrar que, se Mel Gibson realmente tivesse querido ser fiel aos Evangelhos, poderia ter criado um Cristo e demais personagens mais fiéis aos seus conhecidos fenótipos. Mas oportunismo insensato e logro o levaram a preferir uma concepção "aggiornata" de Cecil B. de Mille e de Hollywood.



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Gabriel Bolaffi é sociólogo e professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, autor de "A Saga da Comida" (ed. Record), entre outros.

21 março 2004

O Uma Noite na Taverna foi fantástico. Mais uma vez Rômulo Narducci e Rodrigo Santos conseguiram reunir vários poetas em torno das mesas do SESC São Gonçalo. No palco, tivemos as belas poesias de Florbela Espanca (uma grata surpresa para mim, Viva Florbela!!) e o som muito inspirado do Compasso Cultural .
Estou tão empolgado que chego a querer que os eventos sejam semanais em outros pontos do Rio. Que venha o próximo. Não ousem perder... Cada novo evento é um novo evento...


Metempsycose

I

Vejo o mundo e o ponho em minha cela

Vim a este mundo com um propósito, esquecido
Do ser que outrora fui. Mas este outro eu veio comigo
E diz-me, invisível, o que fazer ao meu ouvido,
Enquanto vago, obtuso, no mundo ao redor do umbigo.

Quem sou se fui um outro que não sei? Estou perdido
Em meio às palavras do mundo vasto e conhecido
Que verbo deu sentido ao que atesto realidade?
E a busca de um sentido faz do mundo fatalidade.

O que percebo faz sentido e dou a tudo
Os grilhões que me atrelam a esse mundo
Ao invés de dar, às cousas, liberdade.

Na minha eterna busca por verdade
Há, com certeza, um propósito mais fundo
Onde até o ser que fui queda-se mudo

II

Há muitos caminhos na estrada e os percebo

E, como se fôra um viajante em caminhada,
Que há muito tempo trilha o seu caminho,
Eu questiono a existência anterior a estrada
Memória e consciência deixam-me sozinho

Quem sou? Pra onde vou? É esse o meu destino?
Nasci num mundo pronto. Sou homem. Fui menino.
Tenho nome, sinto fome. Penso, logo desisto.
Lanço meu olhar sobre tudo o que já foi visto

E me sinto forçado a andar pela vida.
Que longa estrada é essa a qual encaro
Sem origem ou destino, sem saída ou entrada?

“Não à razão na caminhada”, eu me preparo
Para trilhar na direção desconhecida
Onde memória e consciência valem nada.

12 março 2004



Estive pensando sobre a semelhança entre o ato de escrever e a música.
Limitados por sete notas, alguns bémois e sustenidos, montam-se acordes e melodias em andamentos mutantes e variados capazes de transmitir ao cérebro sensações diversas que vão da euforia ao relaxamento, da ira ao deleite. Viciam e se propagam entre todos. Assobia-se Beethoven, dançamos Prodigy. Alguém entende o que foi aquele andamento? A música contagia ao simples contato. Estimula uma busca, gera grupos, tribos, dança, quer falar e fala todos os dialetos.
As letras dançam soltas num papel em branco. Vinte e três letras, alguns dígrafos e um monte de regras para gerar discurso. As letras eternizam pensamentos. Pensamentos que irão soar nas mentes de outras pessoas com suas próprias vozes interiores. Vozes sem audição, imaginárias, criadas no signo comum entre os de uma mesma nação (Maldita Babel, os castigos de Deus são bem feitos). Quando bem conduzidas, as imagens do papel também irão gerar sentimentos diversos, as letras são o caminho mais rápido à imaginação. Mas vão fazer mais que isso : as letras vão convencer, gerar mitos, comportamentos, seitas, revoluções (alguns poetas sempre sonham alcançar isso). As letras buscam as almas.
Infelizmente, o poder das letras é menor por causa de sua grande força. Para amá-las é preciso que se ensine a amar o mundo que o rodeia, buscar mais do que o discurso pode oferecer, do que os governos ou a mass media querem oferecer. Escrita não é como a música, não é para todos.
Mas, e se fosse para todos?

Poética

Bocas palavreiam palavras e palavrões
Lábios línguas e dentes articulam
Palavreados e palavradas sem razão de ser

Isolado o poeta contempla extático o silêncio
O baile das letras sobre o papel
E enquanto tagarelam perdidas as bocas
O poeta apenas assovia

Henrique Santos



Há um mito, o de Teut, inventor da escrita, que conta a surpresa do Faraó ao contemplar o novo invento. Para o Faraó Tamus, a invenção de Teut, apresentada como uma arma a favor da memória do conhecimento adquirido, que tornaria os egípcios mais sábios e aptos a recordar, representaria um perigo. Ao dispensarem do exercício da memória, eles produziriam o olvido na alma dos que já aprenderam e estes, confiando na escrita, recordariam por sinais externos e não por si, mediante seu próprio esforço interior.

(adaptado de Fedro de Sócrates)

04 março 2004



Descoberta do beijo

I

O olhar nos olhos antes do ósculo
E a troca de confissões antes do mesmo
Ocultam ou revelam intenções
Que auscultando o peito não percebo

E enquanto inutilmente persigo razão no fato
O amor me faz de gato e sapato
E a verdadeira intenção do beijo permanece sibilina

II

Há tanto amor sem beijos
E tantos beijos sem amor
Que eu não sei onde está o amor
No beijo de meu amor

Eu acho menina que só sendo louco
Pra filosofar com tanto desejo

Brazil home delivery apocalipse

Disco do Calipso bombando na banca pirata Playboy virou escolha do proleta E o picareta promovido a novo profeta Caiu na rede o selfie do se...