10 julho 2017

Game Over

Trabalho com algoritmos
If... Then...
E só dá certo
Quando o plano é simples
Senão é bug
Mosca na Sopa
Loop after Input

If not
Enter Poesia
Send
(word not sword)
Then Return
sem esperar necessariamente retorno

Game over!

08 julho 2017

Do Jusnaturalista

       


                     palavras
         vestígios de emoções
                 regurgitamos

                          sede de memória
sede da memória

Entre presente e passado
             Em movimento espiralado

        sentimos o que somos
     e em sonhos nos perdemos

        a mitocôndria forjada
       no centro da estrela grita:
                     Avante!

             Irás domar a faísca
          Irás transmutar a idéia
                 Irás encontrar
                     a palavra

06 julho 2017

Escreva poeta no meu crachá

Não 
Estás inteiramente certo
Não sou poeta do inédito 
Não rompi com nenhuma estrutura 
E meu discurso de bom aluno
Mostra apenas que decorei bem as lições

Não sou arauto dos anjos
Ou voz dos movimentos
Ouso apenas no que mostro
E no que escondo


Poeta de porra nenhuma
(Se bem que do amor eu não ligo de sê-lo)
Poeta de porra nenhuma
É o que sou

Na minha poesia exercito a vaidade
De forma diferente
A vida não perdoa as teorias
Há milhares de videntes e telepatas
Pendurados pelo pescoço nas árvores do caminho

Quando encontrares meu ritmo
Na voz que roubei de meus mestres
Cante comigo
Pois quero servir ao menos de banda de abertura


04 julho 2017

Nada

Que me meça
Que me impeça
Que faça média
Que minta
Que me aborreça
Que me emburreça
Que não me abrace
Que não me ame
Que não me mame
Que me anoiteça

Não quero
Nada

Que não delírio
Que me arremeta
Que tal cometa?
Que tal colírio?
Que chuva morna
Que sol nascendo
Que leite grosso
Que não o gozo
Que me aconteça
Que tão sublime

Não quero nada que não



02 julho 2017

Destruidor de Ídolos

Imitação barata de estátua grega

Onde se vê mármore veja-se

Gípsea substância

O vidro em lugar do brilhante

Não tem o mesmo efeito

Que o do puro diamante

Bem construído a olhos míopes

Mas frágil e feio diante da lupa



Ver o povo ajoelhar-se diante do ídolo?

E adorá-lo como obra máxima de beleza?



Ao levantar o martelo sou um bárbaro

E como bárbaro sempre hei de ser tratado

Custa-me acreditar que a vida mereça

Tais ofensas em nome do medo



A mão do homem não constrói o ídolo

A mão do medo o constrói

E a mão do homem deva destruí-lo



Embora impedido, mãos atadas e desarmadas,

Não me rendo, não me calo, blasfemo.

Hão de me pôr sobre a cruz, matar meu corpo.

A chuva vai desfazer o nosso erro.



E, quando o ídolo derreter, se um outro for erguido

Eu virei, com o vento, destruí-lo novamente.


30 junho 2017

Oração


Ó musa, rogo a ti que me entregue
O segredo do que há belo na palavra.
Desperta, musa, o que no peito lavra
O coração do vate que, sozinho,
Não procura seu destino qual caminho.

O que faz este guerreiro da palavra
Que trava sua luta com o destino,
Empinando as bandeiras como pipas,
Tal qual nas brincadeiras de menino?
Ó musa, rogo a ti que me ilumine

Pois o mundo possui sombras poderosas.
O que fazer de mim, ser inconstante,
Que vaga entre as linhas tortuosas
Do destino de quem vive à própria sorte?
Ó musa, peço que me adie a morte,

Pois meu mundo é meu ser e me fascina.
Transmite o belo dos dias mais risonhos
E a harmonia que há nos meus ouvidos
A toda completude dos meus sonhos
Pra que meus versos falem mais que meus sentidos.

Musa, eu quero a sabedoria.
Liberdade, peço a ti que me sorria,
Pois meu peito é peça rara e confusa.
Abençoa a minha alma e inebria
Minha existência mágica e obtusa.



28 junho 2017

O Jusnaturalista (por Peter Pane)


(Primeira parte)


Mesmo atento 

Ele

enlouqueceu

Inovador paranóico
surpreendido
pela rotina

Enlouqueceu

Enquanto inventava-não inventava
Seu "belo" suicídio
Consumia

Rotina 
:
Poesia
:
Retina
:
Grossos livros de filosofia
:
E carreiras e carreiras
ainda mais grossas
De cocaína 

Rotina

Tornou-se o Jusnaturalista
Autoproclamado semiótico
Pai do academicismo hipotético

Moisés filosófico
Separou os lobos cerebrais
Disse não ao Homo homini lupus

Vaticinou:
"HOMO EST HOMINI DIMAIS"

(E morou conosco no manicômio
Até o fim de sua vida profética 
Sem ter escrito nenhum tomo)

Eu, Peter Pane, o saúdo
Poeta peixe graúdo 
O Jusnaturalista



24 junho 2017

Poemas do Jusnaturalista

Ninguém pára pra pensar na paz
E os senhores da guerra
Negociam tréguas e armas

Impunes

Gente pobre e fudida hipnotizada
pelo diamante feito de merda
sonhando com grilhões
ao invés de liberdade
disputa a vaga de capitão-do-mato

Gente pobre e fudida sendo assaltada
E medo

Medo dos homens de farda
que deveriam ser heróis

E medo dos homens de gravata
puxando no púlpito ou no Planalto
uma briga
pelo que sequer foi um dia um nosso

Um bando de iludidos
grita por Deus
grita pela Pátria

Nunca por justiça

Quem vai ganhar com o exemplo
De que ser criminoso compensa?

Quem vai ganhar com irmãos matando irmãos?

Se não há em teu olhar benevolência
Se não cabe mais confiança
E a intenção carece de bondade

Tua pose
Teu crachá de bom moço
é semelhante a um sepulcro caiado

Se não te é claro quem são teus inimigos
Eu digo
Inimigos os que te impedem de fazer o bem

Por isso,
um aviso:

Antes de cuidares
do que é teu
em qualquer esfera
preocupado com o mal
que o outro comete

Preocupa-te com o medo
que te impede de fazer o bem





22 junho 2017

Poética (por Peter Pane)

Como se faz um poema?
É como na vida, meu rapaz!
Você a vive, não a encena
E depois
sabe
o que quer
mais.

Ser poeta não é
Ser estrela
de cinema

Poesia onde o mar não dá pé
Substrato da vida
Verdadeira fé
O poema
pede a palavra
E você dá o que não tem

Inventa
rouba
Obedece o impulso
Um cometa no pulso
E palavra, e palavra, palavra

Confesso, bom rapaz,
não sei bem como se faz
um bom livro
uma vida um poema
mas sei bem como não se faz




20 junho 2017

Que se...


Os desiludidos que se iludam
Os desesperados que se matem
Os inconformados não são mudos

Os acomodados que se calem
Os incomodados que se mandem
Os insatisfeitos não se mudam

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